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Arceny Bocalon, de São João: com chuvas constantes há mais de duas semanas, Sudoeste do PR ainda tem mais da metade da safra das secas por colher

O Brasil não está conseguindo importar feijão suficiente para controlar a alta nos preços internos, que deve se agravar. O governo federal suspendeu até 30 de novembro a tarifa de importação (10%), mas a China tem pouco estoque, a Argentina cobra preço mais caro e a Bolívia não tem excedente para abastecer a vizinhança. O reajuste de até 41,6% no preço mínimo de garantia ao produtor, anunciado na última semana, só deve elevar a oferta interna a partir de novembro.

Este é o segundo ano consecutivo de produção escassa no Brasil. A safra caiu da casa de 3,5 milhões para 2,9 milhões de toneladas (em 11/12 e 12/13), por redução das lavouras e quebras climáticas. As cotações pagas aos agricultores do Paraná, maior produtor nacional, estão 50% acima das registradas em julho do ano passado. Nos supermercados, o quilo do alimento subiu 20% em um ano e chega a ultrapassar R$ 8.

A necessidade de importação, que normalmente fica entre 100 mil e 200 mil toneladas, neste ano é de 400 mil toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Historicamente a produção brasileira é de 3,3 milhões de toneladas ao ano, mas estamos colhendo 600 mil toneladas a menos”, aponta o agrônomo Carlos Alberto Salvador, analista da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná.

Ele afirma que as perdas provocadas pelo excesso de chuva das últimas semanas devem elevar a quebra na produção da safra das secas, atualmente calculada em 20%. Perto de 10% das lavouras ficaram encharcadas às vésperas da colheita. A escassez atual tende a se estender até agosto, quando começa a chegar ao mercado a terceira safra, que inclui áreas irrigadas da Bahia e do Centro-Oeste, aponta o técnico.

Arceny Bocalon, de São João: com chuvas constantes há mais de duas semanas, Sudoeste do PR ainda tem mais da metade da safra das secas por colher

Dificilmente haverá queda de preços no mercado interno, conforme o analista do mercado de feijão Marcelo Lüders. “Ainda que haja o benefício da isenção de tarifa de importação, a alta do dólar eleva os preços em real e anula o efeito da medida.” Além disso, não há mais muito feijão na China, principal fornecedor brasileiro, e houve reajuste nos preços externos. “O fato de o Brasil ter sinalizado que precisava importar feijão fez a China imediatamente aumentar os preços do saldo da última safra.”

Em sua avaliação, só uma política de preços mínimos de garantia mais agressiva pode estimular os produtores a plantarem mais e equilibrar o mercado brasileiro, evitando solavancos. Os preços mínimos de 2012/13 foram anunciados na última semana, com reajustes de até 41,6% – para R$ 95 (carioca), R$ 105 (preto) e R$ 60 (caupi) por saca de 60 quilos.

O aumento do cultivo é dado como certo, mas só ampliará a disponibilidade do alimento daqui cinco meses. A terceira safra  (12/13) tem plantio encerrado nos próximos dias, ou seja, já estava delimitada. A semeadura da próxima safra das águas (13/14) começa em agosto, para ser colhida a partir de novembro.

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