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A Farm Progress Show, maior feira de tecnologia agrícola de milho e soja, realizada na semana passada, em Boone, nos Estados Unidos, mostrou ao mundo que, com ou sem barreiras comerciais, políticas ou tecnológicas, o agronegócio vive num ambiente cada vez mais globalizado. Em três dias de programação, o evento recebeu perto de 200 mil pessoas. Eram técnicos e produtores de todo o mundo que foram conhecer como a pesquisa fará frente ao aumento do consumo mundial de grãos. Do Paraná, estima-se que perto de mil visitantes estiveram na feira.

Soja resistente à ferrugem, milho tolerante à seca, máquinas e equipamentos com tecnologia que começa a chegar no mercado. Materiais mais produtivos e também funcionais, com maior ou menor teor de óleo, proteína e ômega 3. Esses avanços confirmam a supremacia dos Estados Unidos em novas tecnologias. Mas o que o produtor estrangeiro queria entender é a facilidade com que o agricultor americano reverte os impactos de situações adversas, como os alagamentos que ocorreram há dois meses, atingindo lavouras de soja e milho do "corn belt" dos EUA.

"Depois de todos os problemas de seca no plantio e muita chuva no desenvolvimento, como é possível se recuperar tão rapidamente? Isso é tecnologia." A avaliação é de Nelson Paludo, produtor e presidente do Sindicato Rural de Toledo. Ele participou da feira e também acompanha um grupo de produtores do Oeste do Paraná num tour pelo cinturão do milho dos EUA. "O que estamos vendo aqui é espetacular. Mas, infelizmente, vai demorar para chegar ao Brasil." Fabiano Schowonki, agrônomo que trabalha no sistema cooperativo do Paraná e integrante de outro grupo, explica que foi à feira conferir a realidade da safra americana depois das enchentes e como os produtores estão se preparando para a possível geada de outubro, em plena colheita de milho e soja.

O produtor Urbano Inácio Frey, de Itaipulândia (Oeste), quis ver para crer. "Lá no Brasil temos informações desencontradas sobre as lavouras dos EUA. É importante verificar in loco." Frey destaca que o resultado da colheita americana tem reflexo direto em preço e intenção de plantio no resto do mundo.

Porém, o potencial da safra nos Estados Unidos ainda é um mistério. Brad Arnold, que cultiva 680 hectares em Havelock, Nordeste de Iowa, diz que as projeções do Departamento de Agricultura (USDA) são muito otimistas. Ele não acredita no desempenho estimado. Arnold conta, que por causa das enchentes, precisou replantar 10% do milho. E a sua área não foi das mais afetadas, que estão às margens dos rios Missouri e Mississipi.

Pelo último relatório do USDA, a produção de milho dos Estados Unidos deve atingir 318 milhões de toneladas, 5% mais que a projeção de julho, antes das enchentes. A soja tem potencial para 81 milhões de toneladas – estimativa 1% menor que a de julho. A colheita norte-americana começa com o milho, na segunda quinzena de setembro.

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