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Diferente de outros estados agrícolas, o Paraná vive um bom momento da pesquisa no campo. As fundações de pesquisa rural fomentadas por cooperativas do estado vão movimentar R$ 19,3 milhões este ano e mostram tendência crescente de orçamento. A receita corresponde a 21,5% do orçamento anual (R$ 90 milhões) do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), principal instituição de pesquisa pública, que atende a produtores de todo o estado.

A Fundação ABC, de Cas­tro, nos Campos Gerais, e a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa), de Gua­rapuava, no Centro-Sul do estado, fornecem assistência técnica e soluções tecnológicas aos cooperados, usando os resultados obtidos em suas fazendas experimentais – área total de 390 hectares. Somadas, as duas fundações têm 2.856 cooperados ativos.

De acordo com o gerente da Fundação ABC, Eltje Loman Filho, o sucesso das pesquisas desenvolvidas pelas Fundações pode ser atribuído ao fato de que o trabalho é focado na resolução pontual de problemas e resultados imediatamente aplicáveis.

"Estamos tentando cobrir uma lacuna, fazer chegar aos produtores inclusive o que é desenvolvido, como novas sementes e adaptação de cultivares distintos as condições de cada região", diz o diretor.

Para o coordenador de pesquisa da Fapa, Leandro Bren, a pesquisa privada gera bons resultados à medida que consegue se focar nas necessidades práticas de uma determinada região, agindo de maneira mais próxima dos produtores. "A pesquisa de base pública é fundamental, mas pode ficar meio distante do agrônomo porque está mais num contexto brasileiro, enquanto as características regionais são muito distintas", aponta.

Receita

A receita das fundações vem de três fontes básicas: anuidade dos cooperados, ser­­viços prestados e parcerias com a indústria agrária, que testa a eficácia de seus produtos nas lavouras experimentais. "Como são os produtores que mantêm a fundação, sentem-se donos, o processo funciona", afirma Loman Filho.

A receita da ABC cresceu 14,2% em 2011 em relação a 2010, enquanto a da Fapa aumentou 12,9%. A expectativa é que a Fundação de Castro cresça "no mínimo" 6% este ano. A diretoria da Fapa prefere não projetar crescimento, mas aposta na contínua ascensão.

Retorno

A força da pesquisa agrária nas fundações de cooperativas pode ser medida em números. Os índices de produtividade entre os coopera­dos estão acima da média paranaense e em curva ascendente.

Os cooperados da Fapa que plantam milho melhoram a colheita continuamente. A produtividade de 9,2 mil quilos por hectares em 2001 chegou a 11,3 no ano passado – a média paranaense, foi de 6 mil kg/ha em 2010. Na cevada, a produtividade praticamente dobrou em dez anos, passando de 2,1 mil para 4 mil kg/ha.

O produtor Geraldo Slob, de Carambeí, nos Campos Gerais, foi um dos aderiram as técnicas desenvolvidas pela ABC. No primeiro ano, Slob dedicou apenas seis hectares de sua propriedade para experimentar as técnicas ensinadas pela equipe da Fundação. Após verificar os resultados, ele passou a usar os métodos em toda a área que dedica à produção de trigo - 650 hectares.

"Se você disser a um produtor tradicional que consegue mais renda com menos sementes, ele vai dizer que é balela, mas dá certo", diz Slob.

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