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Até o final do plantio da soja, em dezembro, os produtores estavam em dúvida se deveriam aplicar fungicida antes ou depois do aparecimento da ferrugem asiática. Para tentar reduzir custos, muitos ficaram esperando os primeiros sintomas da doença. Se tivessem como voltar atrás, teriam feito a primeira aplicação antes de as folhas começarem a amarelar. Foi assim que a ferrugem surpreendeu boa parte dos sojicultores, provocando perdas de até 30% em algumas lavouras.

O problema é que, depois que os sintomas aparecem, a doença se espalha e evolui rapidamente, diz o agrônomo Daniel Galafassi, de Cascavel, no Oeste, a região mais atingida. Quando a chuva não pára, não há tempo para aplicar fungicida, ou a água dilui o defensivo antes de qualquer efeito. Já com a doença alastrada, os produtores correm contra o tempo, mas obtêm pouco resultado, relata Galafassi.

O Rumos da Safra apurou que os produtores fizeram até quatro aplicações de fungicida. "Na média, foram pelo menos duas", afirma o analista técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti. Com isso, o produtor gastou cerca de R$ 120 por hectare; o que estava previsto R$ 60, para apenas uma aplicação. Mafioletti estima que o custo da ferrugem tenha chegado a R$ 450 milhões nesta safra no Paraná.

No ano passado a Embrapa Soja registrou 1,36 mil casos em todo o país. Nesta safra, já foram 2,8 mil (o dobro). No Paraná, o total passou de 245 para 662 (até a última semana) registros, um aumento de 170%. O estado é o segundo mais atingido, atrás apenas da Bahia, com 763 casos.

O fungo da ferrugem asiática não perdoa soja transgênica nem convencional. Permanece na lavoura de um ano para o outro e se alastra com o vento. Apareceu em 2001 no Brasil e ganhou expansão só nesta safra porque nos últimos anos houve seca, dizem os especialistas. A partir de agora, com mais ou menos umidade, a doença deve ser uma preocupação constante.

O agricultor Renato Krazt, de Cascavel, encara a ferrugem asiática como a principal ameaça à soja. "No ano passado, colhemos 115 sacos por alqueire (2,85 toneladas/ha) com seca e tudo. Neste ano, não deu mais que 90 (2,23 t/ha)", lamenta. A produtividade ficou 30% abaixo das 3,2 t/ha esperadas. Ele conta ter feito três aplicações de fungicida em seus 36 ha de soja, o que elevou seus custos em 15% (para cerca de R$ 1 mil/ha).

O produtor Luiz Eduardo Rico, de Londrina, destaca que "até a safra anterior uma aplicação era de praxe, enquanto que hoje de duas a três são necessárias".

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