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Laboratórios e indústrias se concentram na produção de sementes transgênicas a ponto de algumas regiões sentirem falta de opções convencionais. "O transgênico já chega com mais produtividade que o convencional e se torna a primeira opção em regiões de conversão de pastagem degradada", relata o agrônomo Marcos dos Reis, de Guaraí (TO), produtor em 240 hectares.

Mesmo instituições de pesquisa como a Coodetec – com sede em Cascavel (PR) e participação de 40 cooperativas de seis estados –, que assume como diretriz a garantia de opções de cultivo, priorizam a soja transgênica neste momento. De 13 lançamentos realizados no último ano, 11 foram de sementes geneticamente modificadas.

A Monsanto, detentora da tecnologia RR, voltou-se para a sementes resistentes ao glifosato. "Ainda temos linhas de pesquisa com soja convencional por uma questão técnica. É muito oneroso para uma empresa manter duas linhas de pesquisas, convencional e transgênica", afirma André Franco, diretor de Marketing para Sementes e Biotecnologia.

Na região Oeste de Santa Catarina, principal centro produtor das sementes de soja plantadas no Paraná e em Mato Grosso do Sul, a adesão aos transgênicos é crescente. Os produtores estão de olho nos preços pagos pelas indústrias sementeiras, em geral 12% melhores que os da soja para processamento ou exportação. "Tento vender o máximo possível como semente. E a demanda é por transgênico. O que sobra, entrego como soja comercial", diz Leozir Barreto, de Abelardo Luz (SC), que usou só grãos GM em 280 hectares.

A Syngenta, que compra a maior parte das sementes da região, nega estar investindo só em grãos modificados. "A biotecnologia é uma alternativa. Nós temos demanda tanto para semente de soja e milho convencional como transgênica", afirma o diretor de Marketing de Sementes, José Carlos Carramate. A empresa se concentra no lançamento da geração de milho tolerante à lagarta-do-cartucho e de uma variedade do cereal combinada: tolerante a inseto e resistente a herbicida.

Os especialistas sustentam que a soja convencional continuará sendo atualizada. "Para existir RR é preciso primeiro uma semente convencional adaptada", afirma Alda Le­­rayer, diretora do Conselho de Informações sobre Bio­tecnologia (o CIB, organização não-governamental em que as principais indústrias de sementes atuam como associadas).

O lançamento de mais sementes transgênicas que convencionais deve-se à demanda reprimida por sementes GM adaptadas, avalia Ivan Schuster, pesquisador de biotecnolgia da Coodetec. Ele afirma que a instituição dá importância igual para transgênicos e convencionais. "Se o mercado amanhã se mostrar mais para o convencional – o que não acreditamos que vá acontecer – nós vamos investir em sementes não-transgênicas", acrescenta Franco, da Monsanto.

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