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Os altos custos de produção, a restrição de crédito e as condições climáticas adversas levaram o IBGE a revisar mais uma vez para baixo a estimativa para a safra 2009. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de janeiro, a produção agrícola do país este ano será de 134,7 milhões de toneladas, volume quase 8% menor do que o apurado no ano passado (145,8 milhões de toneladas). Ainda assim, a segunda maior safra da história no Brasil.

Em dezembro, o instituto previa uma safra de 137,3 milhões de toneladas. O gerente da coordenação de agropecuária do IBGE, Mauro Andreazzi, disse que a crise financeira vai chegar com mais força ao setor agrícola a partir do segundo semestre e a queda prevista na safra em 2009 está mais relacionada à alta de custos de adubos e a problemas climáticos do que às turbulências internacionais.

"Essa safra foi decidida pelos produtores antes do agravamento da crise e os insumos estavam altos por causa do preço elevado do petróleo antes de setembro do ano passado", disse Andreazzi. O analista de agropecuária do instituto, Paulo Monassa, disse que a crise já teve efeito mais visível em culturas como o milho e, especialmente, o algodão, mas deixou de fora o mais importante produto da safra nacional, que é a soja, que responderá por 41% da safra de 2009.

A soja terá queda de 3,6% na produção este ano ante o ano passado, por causa de "condições climáticas desfavoráveis" e menos investimentos em tecnologia devido aos altos custos dos adubos. No caso do milho na primeira safra, a projeção do IBGE é de queda de 14,8% na produção, por causa da mudança significativa na demanda pelo produto a partir de setembro do ano passado. "A safra vinha crescendo porque os produtores estavam incentivados com a demanda do mercado internacional, que voltou a cair com a crise", explicou Andreazzi.

Segundo ele, os preços do milho estão em fase de recuperação e é possível que a segunda safra do produto venha a registrar um desempenho melhor do que a primeira temporada de colheita. No que diz respeito ao algodão herbáceo, cuja safra deverá cair 16,8%, Andreazzi atribui o recuo às dificuldades de acesso ao crédito por parte dos produtores, neste caso especificamente por causa da crise.

Ele explicou que a crise pode vir a rebater sobre o setor agrícola tanto do lado negativo, por causa da redução da demanda internacional, mas também positivo, por causa da queda em preços de insumos.

O LSPA mostrou também que produtos voltados para o mercado interno e com forte repercussão na inflação brasileira, como arroz e feijão, tem perspectivas mais otimistas este ano. A produção do feijão na primeira safra deverá totalizar 1,9 milhão de toneladas, com aumento de 17,7% ante a safra anterior.

No caso do arroz, a safra deverá aumentar 2,2%, para 12,4 milhões de toneladas. "Os preços estão bem melhores do que no ano passado e estimularam os produtores", disse Andreazzi. No Rio Grande do Sul, principal Estado produtor de arroz do País, a safra da cultura vai aumentar 3,4%.

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