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Os produtores do Paraná definiram suas apostas. Estão ampliando em 8% o plantio de soja e reduzindo em 24% a área de milho, conforme projeção divulgada na semana passada pela Expedição Safra da RPC. O que os números não mostram, entretanto, é que a liquidez da oleaginosa, um dos fatores que faz a balança pender em favor da soja, pode deixar a desejar. Mesmo com os preços internos acima dos praticados na Bolsa de Chicago (CBOT), a oleaginosa não encontra compradores.

No auge do plantio da nova safra, o Brasil ainda tem em estoque cerca de 1,7 milhões de toneladas de soja do ciclo passado e a comercialização da safra 2009/10 segue travada no país, conforme levantamento da AgraFNP. O Paraná teria entre 600 e 700 mil toneladas de soja da safra velha por comercializar e apenas 7% da produção prevista para o novo ciclo vendida, seja com preço fixo ou a fixar. Os dados da consultoria AgraFNP mostram que até o final do mês passado 17% da produção prevista para a temporada atual havia sido vendida no país.

Um terço desse volume foi negociado em outubro, mês em que a cotação do grão chegou a cair abaixo dos US$ 9 o bushel (27,2 quilos) – pouco menos de R$ 35 a saca – em Chicago, mas manteve-se acima dos R$ 40 a saca no mercado doméstico paranaense . No estado, a última vez que o produtor viu os preços médios da oleaginosa cair abaixo desse patamar foi em dezembro de 2008, quando a cotação média na CBOT foi de US$ 8,68 (quase R$ 46 a saca, considerando o câmbio da época).

Na época, o Paraná se preparava para iniciar a colheita da safra 2008/09, enquanto os Estados Unidos atravessavam o seu pico de entressafra. Agora, a situação se inverte. O Brasil está no auge do plantio e, nos EUA, apesar de a colheita ainda evoluir lentamente, os grãos norte-americanos já irrigam o mercado internacional com oferta crescente. Como manda a lei de oferta e demanda, o período de boca de safra pressiona o mercado norte-americano e a menor disponibilidade de soja implusiona os preços brasileiros. Isso faz com que as cotações domésticas descolem de Chicago, reagindo mais à relação interna entre oferta e demanda do que aos fundamentos do mercado internacional. Resultado: enquanto os produtores paranaenses veem cotações em torno de R$ 42 a saca, os preços na CBOT rondam os US$ 10 o bushel (R$ 38,60 a saca, pelo câmbio atual).

A desvantagem, explica o analista da AgraFNP Pedro Collussi, é que neste período de entressafra, mesmo que haja disponibilidade de soja no Brasil, os importadores tendem a dar preferência ao produto norte-americano, pelo custo mais baixo devido à pressão da oferta crescente. "A comercialização de soja no Brasil fica muito focada no mercado interno nesta época do ano, com a demanda concentrada na indústria esmagadora doméstica. Para o trader exportador é mais viável buscar soja nos EUA."

De fato, as exportações norte-americanas do grão evoluem a passos largos. Até o final de outubro, o segundo mês do ano-safra americano, os EUA já haviam embarcado 17% do total previsto pelo USDA, o departamento de agricultura do país, para toda a temporada, que será encerrada em agosto de 2010.

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