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Abatiá – A velha imagem do índio pescando no rio é coisa do passado na Reserva Terra Indígena Laranjinha, que fica entre os municípios de Santa Amélia e Abatiá, no Norte Pioneiro. Desde o começo do ano os índios da aldeia, das etnias guarani e caingangue, estão consumindo e comercializando a produção de tilápias criadas em três tanques escavados, de um total de cinco dentro da área de 284 hectares.

Com a mudança do hábito de procurar o alimento diretamente na natureza, os moradores da aldeia conseguiram contornar a escassez dos peixes nos rios, contornar a desnutrição infantil e ainda gerar renda para outros cultivos, como a mandioca, a batata e o inhame. Na primeira despesca dos tanques, há um mês, foram recolhidos 400 quilos de tilápia. Desse total, 50 exemplares foram utilizados para fazer uma experiência gastronômica na aldeia com apoio de nutricionistas. O restante ganhou o mercado regional.

Na Aldeia Laranjinha, além da preocupação com a desnutrição, também foi colocada em prática a oportunidade de vender a produção excedente. "A decisão de criar peixe foi a mais acertada, porque as demais fontes de proteína, como aves e suínos, além de não fazerem parte da cultura indígena são atividades poluidoras, que podem comprometer a qualidade ambiental da reserva", explica o médico veteri-nário Luiz Danilo Muhelmann, da Emater-PR, órgão vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento.

Para colocar o plano em prática, os organismos envolvidos inves-tiram R$ 100 mil na instalação da estrutura e no custeio de dois anos, que prevê uma produção anual de 10 toneladas de tilápia e a introdução futura do policultivo das espécies nativas como o piau, piapara, pacu e jundiá.

Mudança de hábito

Para que o projeto tenha continuidade e não desvie seu propósito, os líderes da aldeia estão priori-zando a organização e divisão da produção de forma proporcional a cada família. O cacique Márcio Lourenço explica que uma das medidas foi proibir a pesca nos tanques e manter um índio responsável pela criação e pela ração. "Na próxima despesca que estamos programando, cada família vai receber a quantidade de peixe proporcional ao número de familiares. O que sobrar vamos vender no mercado de pesque-pague porque os peixes daqui estão grandes", garante o cacique.

As mulheres da aldeia participaram de um curso para conhecer as diversas opções de preparo.

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