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Para deslanchar, a indústria do biodiesel terá de adotar uma estrutura parecida com a da indústria da cana-de-açúcar, disse o engenheiro agrônomo Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja. Ele foi o palestrante da última semana na Expedição Caminhos do Campo. No encontro com produtores dos Campos Gerais, dia 24, em Ponta Grossa, argumentou que o problema não é só a falta de fontes de óleo vegetal, mas a dificuldade de organização do setor.

Em sua avaliação, hoje o produtor não tem garantia de compra nem a indústria pode contar com matéria-prima. A integração através de contratos ou de instrumentos de regulação de preços é necessária para que a demanda por biodiesel seja atendida, defendeu. A produção de petróleo tende a cair continuamente nas próximas décadas, mas ainda é 30 vezes maior que a de óleos vegetais, gorduras e biodiesel, citou.

"Espera-se que haja uma evolução na cadeia do biodiesel como houve na do etanol (álcool), que hoje é infinitamente superior à dos anos 70", disse. Na palestra, Dall’Agnol mostrou que a capacidade de produção de biodiesel terá de ser triplicada em cinco anos na Europa – passando de 4,1 bilhões (2004) para 13,4 bilhões de litros (2010). No Brasil, o pulo deve ser de 1 bilhão (2008) para para 2,6 bilhões (2013). A preocupação imediata do Brasil é com o fornecimento de matéria-prima, observou. "O Brasil tem mais usinas paradas que funcionando".

Dall"Agnol avaliou o quadro como uma oportunidade de crescimento para o Brasil. Do seu ponto de vista, o encarecimento dos alimentos pela demanda dos biocombustíveis deve ampliar a renda do país, um dos maiores fornecedores de grãos e carnes do mundo. Em sua avaliação, o problema da fome não é de falta de alimentos, mas de dinheiro para compra de comida. O país ainda pode multiplicar por oito sua área agrícola, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e Alimentação (FAO).

O crescimento econômico mundial amplia a demanda por alimentos e energia, acrescentou. "Os países em desenvolvimento estão crecendo mais que os ricos." A diferença deve ser de 3,23% para 2,9% ao ano, conforme dados da ONU, invertendo a relação verificada até 2000, em que os países ricos cresciam mais que os pobres.

Associado ao crescimento da demanda por alimentos, o biodiesel ajuda a elevar os preços dos grãos, conforme o pesquisador da Embrapa. A soja e o milho, cotados a US$ 8 e US$ 16 o saco (respectivamente) um ano atrás, agora permanecem acima de US$ 10 e 20.

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