Indústria quer assumir tratamento de sementes

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As empresas fabricantes de insumos querem chamar para si a responsabilidade pelo tratamento químico das sementes, que ajuda no controle de pragas e doenças nas lavouras do Brasil. Ao assumir o processo, geralmente realizado dentro da própria fazenda antes do plantio, a indústria promete reduzir custos e garantir maior segurança ao produtor rural e ao meio ambiente. Con­­forme Ely de Azambuja Neto, sócio-diretor da Sementes Mu­­­tuca, de Arapoti (Campos Gerais), o preço da semente tratada sobe cerca de R$ 1,50 por quilo em relação ao produto convencional, que varia de R$ 1,70 a R$ 2 o quilo atualmente.

Ele avalia, contudo, que os resultados no campo compensam o investimento extra. "O tratamento de sementes é uma tendência", diz. Com essa ideia, o empresário pretende investir cerca de R$ 700 mil na tecnologia. Para tirar o projeto do papel, Neto conta com o incentivo de uma grande multinacional do setor, que por enquanto não pode ser mencionada. "Nesta semana, devemos fechar a parceria. Nossa meta é vender 15 mil sacas de soja tratada na próxima safra de verão", revela. Atualmente, a empresa paranaense fornece ao mercado 100 mil sacas de soja por ano e se consolida como uma das únicas a manter o Iso 9001.

A Associação Paranaense dos Produtores de Sementes (Apasem) reconhece que o tratamento é uma ferramenta para o agricultor, mas faz um alerta. "Por alterar a cor do grão, o uso de químicos impede que os laboratórios visualizem se há mistura de outras cultivares na hora de classificar o produto", conta Eugenio Bohatch, diretor-executivo da entidade.

Com a missão de dobrar a receita com tratamento de sementes no Brasil até 2016, a alemã Bayer, mostra-se preparada para atender a crescente demanda do setor. Sem revelar valores específicos dos investimentos, a gigante química trouxe ao Brasil, na última sexta-feira, a cúpula de executivos para inaugurar o quinto centro de treinamento em tratamento de sementes da empresa no mundo, em Paulínia, interior de São Paulo.

Ao visitar o país pela primeira vez, a presidente mundial da Bayer, Sandra Peterson destacou a importância da América Latina, mais especificamente do Brasil, nas estratégias da empresa. "O Brasil é o nosso segundo maior mercado no mundo (atrás da Europa), por isso continuaremos fazendo investimentos significativos aqui, com foco na soja e também na cana-de-açúcar". Em 2010, a Bayer faturou mais de € 6,8 bilhões. América Latina, África e Oriente Médio, superaram as expectativas ao render € 1,68 bilhão, 11% mais que no ano anterior.

O jornalista viajou a Paulínia (SP), a convite da Bayer Cropscience.