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Com atuação em cinco culturas e áreas cada vez maiores, a família de descendentes italianos Missiagia, de José Bonifácio (Noroeste de São Paulo), desafia a pressão do êxodo rural. Três irmãos e oito filhos dividem tarefas em 900 hectares de lavoura e 230 de pastagem. Metade da área agrícola é dedicada à soja e o restante a culturas como milho, amendoim, cana-de-açúcar e laranja. O pasto recebe entre 400 e 500 cabeças de gado de corte, dependendo a viabilidade do setor

Mesmo diante do avanço da cana, a opção pela diversidade segue como estratégia. "José Bonifácio virou um canavial. Sobrou meia dúzia de produtores de grãos. Mas preferimos manter as diversas culturas", afirma Carlos César Missiagia, segunda geração da família. Menos atraente que há um ano, a cana se tornou apenas mais uma opção, o que deu força à teoria da persistência. "Perdido por perdido, truco!", arremata o agricultor.

Em épocas de cotações em baixa e margem estreita, os Missiagia mostram precaução. Eles não devem investir na safrinha de milho, optando por reduzir a área arrendada, que hoje corresponde à metade do total cultivado. A insegurança vem dos custos elevados e dos preços oscilantes. Isso não significa, no entanto, resistência a mudanças, de acordo com Pedro Missiagia, um dos três patriarcas. O primeiro pedaço de terra, adquirido no início dos anos 70, foi dedicado ao café, cultura que praticamente desapareceu da região.

Em sua avaliação, o quadro é preocupante, porque o produtor "recebe pouco e não consegue cobrir as dívidas dos anos de quebra". Ele diz que a próxima geração não deve continuar no campo. Mas, agricultura também é questão de vocação, avalia, citando seus filhos. "Mesmo quem já tentou trabalhar por salário na cidade voltou." Hoje cada filho recebe o equivalente a três salários mínimos por mês para gastos domésticos e atua na cultura com a qual tem mais afinidade.

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