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Missal – A produção de leite orgânico foi a saída encontrada por pequenos produtores de Missal, município situado a 80 quilômetros de Foz do Iguaçu, para reduzir custos e implantar uma administração auto-sustentável na propriedade. A opção pelo sistema que beneficia o meio ambiente está aumentando a produção de leite em até 40% e reduzindo pelo menos 75% os custos com a veterinária convencional.

Os adeptos ao leite orgânico fazem parte da Associação dos Produtores Orgânicos de Missal (Apromis), organização formada por 36 sitiantes, dos quais 32 produzem o leite orgânico. Um deles é Nery Afonso Schrippe, 40 anos. Com seis cabeças de bovinos, resultado do cruzamento das raças holandesa e jersey, Schrippe produz leite e faz o queijo orgânico, hoje vendido na região e item da merenda escolar de Missal. Embora o produto esteja em fase de certificação, a propriedade já é reconhecida pela atividade com os orgânicos.

O produtor diz que começou a criar o rebanho pela técnica orgânica para reduzir custos e melhorar a alimentação do gado. "Após quatro meses de experiência, não penso mais na pastagem convencional. Por enquanto temos que falar maravilhas deste pasto", diz.

Na atividade leiteira voltada ao sistema orgânico, busca-se além de um produto de melhor qualidade para o consumidor, a sustentabilidade do sistema de produção, sem agressão ao meio ambiente. Por não usarem insumos químicos para o plantio, os agricultores procuram práticas alternativas para manutenção e aumento da produção.

Em Missal, a opção feita foi pela formação de pastos consorciados, ou seja, com leguminosas e gramíneas. As espécies utilizadas são a crotalária (Crotalaria juncea) e a leucena (Leucena leucocephala), que podem ser plantadas com a braquiária brisanta e o capim mombaça.

Segundo o técnico em agropecuária agrícola da prefeitura de Missal, Marciano Becker, a crotalária e a leucena destacam-se pela produção de massa (folhas e hastes), alta fixação de nitrogênio e boa adaptação ao consórcio com pastagens. Também servem para adubação verde e cobertura do solo. Ele diz que os agricultores estão utilizando a crotalária e a leucena no verão, e no inverno, a ervilhaca. "Esse sistema está em fase de testes e estão sendo feitas adaptações por parte dos produtores", diz Becker.

Para haver equilíbrio, pelo menos 30% da alimentação é feita na área de consórcio e outros 70% em um pasto exclusivo de gramínea, no qual a mais usada é a da espécie tifton. Dessa forma, os produtores deixam o gado por um período maior na área de gramínea e menor no pasto de leguminosas. Assim evita-se distúrbios digestivos no animal, que podem ser causados pelo consumo excessivo das leguminosas, caracterizadas pelo alto teor protéico.

Na propriedade de Marino Antonio Eninger, o pasto é formado por capim elefante, leucena e o amendoim forrageiro, além da área de grama tifton. A família de Eninger chega a produzir 70 litros de leites por dia com um rebanho de nove vacas criadas em 4,10 hectares.

Outra vantagem da produção orgânica é em relação aos custos com veterinária. Os bovinos são tratados por meio das técnicas de fitoterapia e homeopatia e os veterinários convencionais acabam sendo acionados apenas para tratar de fraturas.

Eninger conta que resolveu implantar o sistema orgânico na propriedade depois de ir ao médico e receber a notícia de estar com um percentual de 10% de contaminação no sangue causado pelo uso de produtos químicos na lavoura. "Aqui nunca mais entrou veneno e antibiótico, só em último caso", diz o produtor.

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