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Alimento alcançou a cotação mais alta da história neste ano, com o carioca chegando a mais de R$ 200 a saca | Alexandre Mazzo / Gazeta do Povo
Alimento alcançou a cotação mais alta da história neste ano, com o carioca chegando a mais de R$ 200 a saca| Foto: Alexandre Mazzo / Gazeta do Povo

O preço do feijão tem subido de forma expressiva nos últimos meses e deixou o prato predileto dos brasileiros muito mais caro. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), a valorização do feijão carioca foi de 44% em um ano e do feijão preto chegou a 13%. Somente em 2016, o incremento chegou a 15% e 17%, respectivamente.

O empresário Ricardo Baldini sente o aumento dos preços e faz malabarismos com o cardápio de casa. “Primeiro eu troquei de marca e mais recentemente eu reduzi meu consumo. Inclusive cheguei a substituir o feijão por itens como quirera”, diz Baldini. Nas grandes redes, o quilo do carioca é vendido, em média, a R$ 5,69 e o preto a R$ 4,57. Há um ano, a média não passava de R$ 3,96 o carioca e R$ 4,03 o feijão preto.

Preço recorde faz faltar feijão carioca no Paraná

Para quem gosta de feijão carioca e não abre mão de um prato com o alimento bem temperado, o alerta foi dado. De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, o mercado de feijão carioca está desabastecido em diversas cidades brasileiras e e deve seguir assim no curto prazo. Com problemas climáticos que afetaram a safra nos diversos estados produtores de feijão, a oferta está muito aquém da demanda nacional e pressionou os preços a níveis recordes. “Nós teremos um vácuo de oferta nos próximos 30 dias. Até o final do ano os preços devem continuar altos. Teremos alguns momentos em que as cotações podem cair um pouco, mas logo teremos novas supervalorizações”, diz. Para Lüders, os consumidores precisam buscar alternativas neste momento de preços tão altos. “Noventa porcento da população consome feijão duas vezes por semana. Ainda temos oferta de feijão preto, que vem 100% da Argentina. Também temos o feijão fradinho, por exemplo. Vai ser preciso diversificar”, comenta.

Por outro lado, enquanto os consumidores precisam ajustar as contas no final do mês, os produtores nunca receberam tanto pela saca do feijão. Com a baixa disponibilidade do grão os preços atingiram médias históricas e em abril o feijão carioca era cotado a R$ 208,39 e o preto em R$ 142,82. Em um ano a valorização foi de 75% e 29%, quando os preços chegaram a R$ 119,20 no carioca e e R$ 110,51 no feijão preto.

A escalada dos preços se deve à menor área plantada e também à escassez da oferta de um produto de qualidade devido aos problemas climáticos que afetaram a safra nos principais estados produtores. O Paraná é o maior produtor do grão no Brasil, com uma colheita média nos últimos três anos de 731,6 mil toneladas, cerca de 23% de tudo o que é colhido no país.

Safra

No Paraná, segundo o Deral, a área estimada para a primeira safra de feijão é de 182,6 mil hectares, 5% menor que os 192,7 cultivados em 2014/15. Os estragos foram causados pelo excesso de chuva entre outubro do ano passado e o início deste ano, atrasando o plantio e prejudicando a colheita. Até o momento, as perdas chegam a 11% e os produtores devem colher 289,9 mil toneladas na primeira safra.

A segunda safra também sofreu perdas causadas pelo excesso de chuva no início do ciclo e a estiagem de abril. Com uma área de 205,5 mil hectares e 79% colhido até semana passada, os produtores esperam colher 318 mil toneladas, 17% abaixo da safra passada e uma redução de 21% em relação à expectativa inicial de 400 mil toneladas.

Em Guarapuava, no centro-sul do estado, além da umidade, a geada de maio atingiu as lavouras em floração e prejudicou o desenvolvimento das plantas. “Os produtores estão colhendo 30% daquilo que poderia render. Eu pretendia colher 3 mil quilos por hectare, mas estou colhendo 900 quilos. Os preços estão altos, mas não compensam as perdas. Hoje consigo apenas equilibrar os meus custos de produção ”, afirma o vice-presidente do Sindicato Rural de Guarapuava e produtor rural, Anton Goda.

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