• Carregando...

Paranavaí – Para evitar que o avanço da cana-de-açúcar e problemas de contrato entre arrendatários e donos das terras reduzam a disponibilidade de áreas para o plantio de mandioca, as indústrias produtoras de amido da região Noroeste do Paraná estão arrendando as terras diretamente. O contrato vinculado garante ao dono da área o recebimento em dia e assegura à indústria a quantidade de matéria-prima suficiente para o funcionamento o ano todo. Em alguns casos, há até a garantia de preço mínimo para o produtor.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Ivo Pierin Júnior, disse que as indústrias de mandioca tomaram a iniciativa de arrendar áreas não só pelo avanço da cana, mas porque alguns donos de terras vinham sofrendo prejuízos no final dos contratos.

Para evitar o problema, os proprietários passaram a exigir pagamento antecipado – de aproximadamente R$ 2 mil por alqueire, por safra (dois anos). Diante da situação, segundo Pierin, o agricultor gastava dinheiro antes de fazer o plantio e ficava sem condições de investir na cultura, o que provocava queda na produção.

Agora, é a indústria quem assume o compromisso com o dono da terra. A Podium Alimentos, indústria do próprio Ivo Pierin, pretende arrendar 484 hectares e garantir 20 mil toneladas para a próxima safra, o que equivale a 20% da matéria-prima utilizada ao ano na indústria. A Podium ainda garante o pagamento mínimo de R$ 180 por tonelada, se o preço for inferior a esse valor, para até 15% da produção. Pelos outros 85% se dispõe a pagar o preço de mercado, atualmente em torno de R$ 170 na região. A empresa optou pela busca dos agricultores inscritos no programa Bolsa de Arrendamento, da prefeitura de Paranavaí. Pelo sistema, o arrendatário tem assistência técnica da Emater e pode usar uma patrulha mecanizada.

A Amidos Pasquini, de Nova Esperança, é uma das pioneiras no arrendamento próprio de terras. Desde 1996 investe no sistema e já chegou a pouco mais de 1.400 hectares. O sócio da empresa, João Eduardo Pasquini, afirma que o ideal é a indústria possuir plantio próprio para atender, no mínimo, 40% de suas necessidades e garantir uma reserva estratégica para quando for baixa a oferta de raiz. "Só assim a indústria pode garantir amido aos seus clientes o ano todo."

Outra empresa que investe neste modelo de arrendamento é a Amidos Yamakawa, de Amaporã, também na região de Paranavaí. A diretora administrativa da empresa, Olga Yamakawa, informou que há três anos a indústria arrendou 480 hectares, no ano passado foram 970- hectares e agora tem 1.900 hectares arrendados com 24 produtores. Com isso, estão garantidos 60% da raiz que a indústria utiliza no ano. O restante será comprado no mercado.

Conforme Olga, o arrendamento de terras pelas indústrias não inflaciona o preço da mandioca na época da colheita e ainda assegura matéria-prima o ano todo. Pelo contrato, o arrendatário é obrigado a vender a produção para a indústria que garantiu o arrendamento. Porém, o preço é o vigente no mercado na hora da entrega.

Olga adiantou que, além de oferecer a terra ao plantador, as indústrias escolhem áreas mais próximas e férteis e ainda disponibilizam assistência técnica. E o produtor paga o equivalente ao arrendamento normal, em torno de 20% a 25% da renda.

A cana destinada à fabricação de açúcar e álcool ganhou 46 mil hectares a mais entre as safras 2005/06 e 2006/07, segundo dados compilados pelo setor com o apoio de estatísticas da Secretaria Estadual Agricultura e Abastecimento (Seab).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]