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Nos mais de 8 mil quilômetros que rodou pelo Paraná, nas últimas três semanas, a Expedição Safra da RPC identificou lavouras que foram dizimadas pela seca. Mas também encontrou verdadeiros oásis de produção, onde, por um motivo ou outro, a estiagem não provocou grandes estragos. Nas regiões de Guarapuava (Central) e Ponta Grossa (Campos Gerais), os técnicos e jornalistas visitaram lavouras de soja com potencial idêntico ou superior ao do ano passado, acima de 3 mil quilos por hectare.

A justificativa não estaria apenas no clima, mas no manejo da lavoura e o correto uso da tecnologia. O simples fato dessas regiões plantarem mais tarde do que o Oeste e Sudoeste, por exemplo, já contribui para amenizar os efeitos da falta de chuva no período crítico de desenvolvimento da planta. Mas o que fez a diferença foi o planejamento, a diversificação dos ciclos e a época de plantio. Salvas as exceções, quem seguiu à risca as orientações técnicas, para não dizer o bom senso, terá uma oleaginosa de safra cheia.

Não teve região do estado que passou imune à estiagem. Em algumas, porém, a seca foi mais severa e dizimou lavouras inteiras. Em outras, no entanto, foi mais complacente. É o caso do produtor Roberto Bührer, de Ponta Grossa. Ele acredita que a quebra na soja será inferior a 10%. Em uma avaliação otimista, em torno de 5%, para um resultado médio de 3.800 quilos por hectare. "Em alguns talhões, será possível colher até 4 mil quilos por hectare", estima Bührer, numa referência a uma lavoura de soja com plantas de até 1 metro de altura.

A cooperativa Batavo, com sede Carambeí e atuação na região, não considera perdas na soja. A média deve ficar próxima de 3.100 quilos por hectare. Manoel Henrique Pereira, o Nonô Pereira, um dos cooperados, diz que vai colher 3.200 quilos, já descontada uma perda de 15%. Antônio Campos, gerente geral da Batavo, explica que algumas áreas tiveram seu potencial reduzido, mas no balanço final o desempenho global foi compensado por lavouras de rendimento melhor. No milho, ele calcula uma produtividade

Nos 107 mil hectares que a cooperativa Agrária abrange, na região Centro, a soja deve render perto de 3 mil quilos por hectare, produtividade próxima da média histórica. Beneficiados por chuvas isoladas entre novembro e dezembro, os produtores de milho devem colher 9 toneladas por hectare, rendimento 10% menor que o esperado mas bem acima da média do estado.

A estiagem poupou também a região da cooperativa Capal (Campos Gerais e Norte Pioneiro), com sede em Arapoti. O rendimento da soja deve ser igual ao de anos sem seca, conforme avaliação técnica. Os 24 mil hectares dedicados à cultura devem render 3,5 mil quilos/ha. O milho pode ter queda de 10%, mas ainda assim a produtividade ficará em cerca de 9,3 t/ha, conta o gerente técnico, Femmo Salomons.

O diretor comercial, Eliel Magalhães Leando, frisa que as recomendações técnicas são seguidas rigorosamente pelos associados. Em sua avaliação, quem perdeu é porque confunde plantio de soja precoce com plantio "no cedo".

O produtor Mylton Casaroli, de Londrina, diz que terá bom rendimento na soja, que ocupa 100% de sua área, mas observa que não passou imune às condições climáticas. Sem mais tempo para plantar milho safrinha, ele terá de dedicar-se ao trigo. A soja deve render 2,7 toneladas/ha, 15% a menos que o esperado.

Sementes para a próxima safra de soja estão garantidas se depender da microrregião de Mauá da Serra (Norte). Com um dos climas mais privilegiados do estado para essa tarefa, os produtores devem atingir 3 toneladas por hectare, a não ser que as chuvas das próximas semanas sejam exageradas, afirma o gerente de Sementes da cooperativa Integrada em Mauá, Haroldo Denófrio. O produtor Sérgio Kasutoshi, que terá produção dentro dessa média, explica que o excesso de nuvens reduz a luminosidade e prejudica a plantação. No milho, a região também prevê quebra bem abaixo da média do estado, entre 20% e 10%.

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