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O potencial era para 5,4 milhões de toneladas de soja. Mas, depois de quase duas semanas de chuvas intensas, a produção recorde prevista para a temporada 2010/11 em Mato Grosso do Sul não deve se confirmar. "A quebra já é certa. A questão agora é quantificar o tamanho do prejuízo", disse ontem Lucas Galvan, assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do estado (Famasul). Estimativas extraoficiais divulgadas na semana passada indicam que cerca de 30% da safra – o equivalente a 1,6 milhão de toneladas – teriam sido perdidos. Nesta semana, após uma pausa nas precipitações, os técnicos da federação voltaram a campo para reavaliar a situação das lavouras e, hoje, se reúnem com o setor produtivo para calcular o real tamanho da quebra.

Há um mês, quando a Expedição Safra passou por Mato Grosso do Sul, a expectativa ainda era de produção recorde, mas os produtores já demonstravam apreensão. Os técnicos e jornalistas encontraram lavouras em boas condições e agricultores correndo contra o tempo para colher tudo que podiam antes das chuvas. "Viramos o mês com 30% da safra colhida e sem grandes problemas. Mas quando março começou a situação mudou. Tivemos entre 10 e 12 dias de chuva ininterrupta no início do mês. Em algumas regiões a quebra é de 10%, mas há casos e produtores que perderam até 70% da sua produção", relata Galvan.

Atualmente, a situação é mais crítica na porção norte do estado, constatou a Expedição. A região recebeu até 200 milímetros de chuva em apenas 14 dias, volume equivalente ao esperado para o todo o mês de março, conforme Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com o levantamento inicial da Famasul, em municípios como São Gabriel do Oeste e Chapadão do Sul, aproximadamente metade da safra teria sido perdida. Mais ao sul, Maracaju e Sidrolândia também teriam sofrido perdas irreversíveis na produção de soja. Já no extremo sul mato-grossense, municípios como Naviraí teriam escapado da quebra.

"Por aqui não há problemas, mas sabemos que a situação não é tão tranquila para o norte", relata Henrique Cabrera, comercial da Cooperativa Agroindustrial Sul-Matorgossense (Copasul) em Naviraí. Segundo ele, a região deve fechar a safra 2010/11 com rendimento médio de 55 a 57 sacas por hectare, resultado semelhante ao obtido na temporada anterior.

Com 80% das lavouras prontas para a colheita, mas apenas 40% da soja fora do campo, "a situação é crítica" na área de atuação da C.Vale em Mato Grosso do Sul, afirma o agrônomo Felipe Machado. "Em volume, a quebra foi pequena. O grande problema é com a qualidade dos grãos. As cargas que estamos recebendo, com alto teor de umidade e grãos ardidos, têm gerado descontos de até 50% ao produtor", explica. Ele ressalta, entretanto, que há casos de perda total de safra. "Entre 30% e 40% dos 30 mil hectares da cooperativa nem serão colhidos", calcula.

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