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Primavera do Leste (MT) - A tradição de ser o estado que mais utiliza as ferramentas de venda antecipada da produção de grãos não vai se confirmar este ano no Mato Grosso. Essa é uma das constatações feitas pela Expedição Safra da RPC no roteiro de uma semana pelo Centro-Oeste do país. O plantio entra na reta final, mas a pré-comercialização da safra não deve ultrapassar os 20 pontos porcentuais. No ano passado, segundo as fontes consultadas pelos técnicos e jornalistas, 50% da produção foi negociada com antecedência. Em ciclos anteriores, os negócios antecipados chegaram a representar até 75% da safra.

"Neste ano só travou soja quem tem dívida em dólar, para se proteger da variação cambial", explica Jai­­me Rezende Silva, vice-presidente da Asso­cia­ção dos Produtores de Soja (Aprosoja) para o Sul mato-grossense, em Rondonópolis. Ele conta que está investindo em 1,5 mil hectares de soja, área 20% maior que na temporada anterior, e que não tem nem uma saca negociada. "O mercado hoje é uma loteria. Não há segurança para travar e tão pouco para segurar a produção."

O dólar é o principal drama da venda antecipada, destaca Clóvis Albuquerque, consultor do Sindicato dos Produtores Rurais de Primavera do Leste. Os extremos do câmbio afetam sobremaneira a agricultura, seja no custeio ou na comercialização da safra. Como o dólar baliza os preços dos insumos e também do grão, fica difícil fechar a conta, diz Albuquerque. Na Cooaprima, que representa 70 produtores na região de Primavera do Leste, a venda antecipada contemplou no ano passado 60% da produção dos 66 mil hectares da área de abrangência da cooperativa. Para a temporada atual, conforme o presidente Sylvio Corioni, a cooperativa não será exceção à regra no Mato Grosso e deve reduzir esse índice a 25%.

Crédito oficial

O endividamento do Mato Grosso nos últimos anos também diminui a presença do crédito oficial no Centro-Oeste. A análise dos projetos de custeio ainda não foi concluída pelos agentes financeiros, mas a concessão de crédito rural oficial na safra 2009/10 deve ficar entre 10% e 12% do total. O restante do valor necessário à implantação da safra será dividido entre recursos próprios e tradings, numa relação entre 40% e 50%. Há 5 anos, o Banco do Brasil, por exemplo, financiava entre 20% e 25% do custeio, porcentual que em alguns anos chegou a atingir 30%.

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