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Branco, preto ou vermelho; das águas, da seca ou do inverno. Tanto faz. Respeitadas as características de cada variedade, a época de plantio e a opção do mercado consumidor, o fato é que o feijão deixa de ser uma cultura secundária, típica da agricultura familiar, de subsistência, para se transformar numa alternativa economicamente viável também ao médio e ao grande produtor.

Com a oferta ajustada à demanda – praticamente toda a produção fica no mercado interno –, o primo pobre do cultivo de grãos atrai produtores tecnificados e acaba com o histórico de uma atividade restrita às pequenas propriedades.

O Paraná ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de produção, com uma área de 587,8 mil hectares, para uma produção estimada de 771 mil toneladas na safra 05/06. Minas Gerais e Bahia são o segundo e o terceiro colocados, respectivamente.

Não existe uma estatística oficial, mas técnicos e produtores estimam que metade da área já tenha colheita mecanizada, sistema que intensificou-se nos últimos 10 anos, com a introdução de variedades de porte alto, que permitem a utilização da máquina. A pesquisa também desenvolveu variedades mais produtivas e resistentes às doenças tradicionais que atacam o feijoeiro. Há 15 anos, plantavam feijão quase que somente micro e pequenos agricultores paranaenses. Em alguns estados do Centro-Oeste, a colheita mecânica já atinge 90% das lavouras.

O avanço das áreas mecanizadas também representa uma ameça à liderança paranaense na produção da leguminosa. A utilização de máquinas, do plantio à colheita, garante aos mineiros mais eficiência ao sistema produtivo. Danilo Rend, da Correpar – uma corretora de mercadorias –, acredita que em uma ou duas safras Minas Gerais ultrapassará o Paraná em volume de produção.

As condições do Centro-Oeste e do Triângulo Mineiro são mais favoráveis ao cultivo, com terras disponíveis e propícias à colheita mecânica. Os produtores daquela região do país também cultivam sob pivô de irrigação, com uma produção mais controlada e um pacote tecnológico mais específico, explica o corretor.

Cotação

Mas nem tudo é certo no cultivo do feijão. Ao mesmo tempo em que o produto tem uma oferta ajustada à demanda, a cotação é muito sensível e a variação de preços (positiva ou negativa) é muito significativa a cada safra.

No final do ano passado, por exemplo, quando a saca ao produtor rompeu a casa dos R$ 80 e atingiu picos de R$ 120 no atacado, o cultivo passou a ser interessante, ampliou-se a área e a conseqüência foi uma oferta maior do produto, com a queda no preço. Em julho, a saca encerrou o mês com uma cotação média ao produtor de R$ 41,5 a saca, a metade do valor praticado no início do ano.

Severino Giacomel, gerente técnico da Cooperativa Bom Jesus, com sede na Lapa (Região Sul), reconhece que o feijão é mais uma alternativa na produção de grãos, mas alerta para que "o agricultor não se engane, pois o momento é ruim para todas as culturas". Ele explica que o feijão é uma opção interessante por ser uma cultura rápida e que ajuda a diluir custos. Porém, também sofre os efeitos da crise e da conjuntura internacional de preços, que no momento prejudica, de maneira pontual, o produtor brasileiro, com desvalorização do dólar frente ao real. A um custo médio de produção de R$ 40 a saca, na área de atuação da cooperativa há produtores de feijão no vermelho.

O técnico da Correpar admite que, atualmente, a cotação não permite uma remuneração satisfatória, mas ainda assim o feijão continua sendo um bom negócio. "O preço neste momento está terrível, e ainda assim consegue remumerar", diz Rend. Nos últimos 10 anos, o preço histórico no atacado é de R$ 80 pela saca de 60 quilos. Atualmente, R$ 60 para o feijão extra, de melhor qualidade.

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