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Se no relatório de outubro do ano passado o Departamento de Agricultura dos EUA, mais conhecido pela sigla USDA, ao reduzir a estimativa de safra de milho norte-americana, acendeu o estopim do aumento dos preços internacionais do cereal; na última sexta-feira, dia 12 de janeiro, ao cortar a safra em mais 5 milhões de toneladas, colocou fogo definitivamente neste mercado. Tanto é que os preços dos contratos futuros do milho ultrapassaram, na sua maioria, a marca de US$ 4,00 por bushel na Bolsa de Chicago neste mês de janeiro.

Tudo isso porque o quadro de suprimento do país que mais produz e consome milho no planeta ficou muito apertado. A safra norte-americana do cereal é agora estimada em 267 milhões de toneladas (em setembro acreditava-se em 282 milhões de toneladas), contra um consumo projetado na temporada 2006/07 em 299 milhões de toneladas. Repare que o uso supera a produção em 32 milhões de toneladas. Com isso, as reservas têm de ser utilizadas. Quer dizer, os estoques finais da safra 2006/07 dos EUA também foram cortados e agora são estimados em 19 milhões de toneladas, volume que leva a relação estoque-consumo para apenas 6%. Ou seja, para cada 100 toneladas consumidas existem somente 6 em estoque.

É muito pouco. Quando esta relação cai abaixo de 10% em um importante país produtor e exportador, como é o caso dos EUA, entramos em situação de mercado de consumo, no qual as cotações costumam se tornar erráticas e extremamente voláteis. Afinal, corre-se o risco de faltar produto. É por causa dessa ameaça, aliás, que o mercado já está testemunhando a retração da demanda por milho no setor de carnes, num primeiro sinal do ajuste ao período de escassez.

Ao que tudo indica, para resolver essa situação, será necessário um grande incremento de área na safra 2007/08, que começa a ser plantada em abril lá nos EUA. No ano passado, foram cultivados por lá 31,7 milhões de hectares. Hoje já se fala em incremento de 3 a 4 milhões de hectares e se torce muito para que São Pedro traga uma regularidade climática para atender a demanda no ciclo 2007/08, que deve se aproximar de 315 milhões de toneladas. Tempo de incertezas. Agora, mais do que antes, acredito que estávamos certos em cravar no título desta coluna no dia 28 de novembro o seguinte: 2007: o ano do milho.

fmuraro@agrural.com.brwww.agrural.com.br

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