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Nova ministra da Agricultura diz que pretende "atrapalhar" o mínimo possível o agronegócio empresarial. | Foto: Daniel Derevecki/gazeta Do Povo
Nova ministra da Agricultura diz que pretende "atrapalhar" o mínimo possível o agronegócio empresarial.| Foto: Foto: Daniel Derevecki/gazeta Do Povo

Sem qualquer arranhão das vaias recebidas na posse, dia 1.º, a nova ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kábia Abreu (PMDB), mostra-se à vontade e segura na posição. Antes da transmissão do cargo que recebe de Neri Geller às 17 horas desta segunda-feira (05/01), ganhou espaço na imprensa e na internet com declarações que refletem sua disposição para o embate político.

A primeira semana da nova ministra está sendo de afirmações polêmicas, comuns enquanto exercia o cargo de senadora e de presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ao ser apontada como inimiga da reforma agrária, disse que "nem Jesus Cristo agradou todos" e garantiu diálogo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), numa demonstração de como entende o processo "democrático". Foi só o começo.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, disse que "latifúndio não existe mais no Brasil". Mostrou-se irredutível ante o que chama  de "discurso velho, antigo, irreal, para justificar a reforma agrária" sem descartar projetos "maravilhosos" de colonização ou reassentamentos.

Kátia Abreu vem afirmando que pretende se dedicar a pequenos e médios produtores para ampliar a "classe média" rural. Questões como a reforma agrária, a princípio, não estão entre suas prioridades. Em relação aos grandes produtores ou ao agronegócio empresarial, disse que pretende "atrapalhar" o mínimo possível.

Previu que não vai brigar com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por recursos para o agronegócio. Em sua avaliação, isso não será necessário porque o setor é peça chave para fomentar a economia.A ministra não acredita em queda no orçamento do Ministério da Agricultura. "Não tenho medo dos cortes do Levy", apontou, em meio à execução de um Plano Agrícola e Pecuário (PAP) com recursos recordes de R$ 156 bilhões que estão tendo procura abaixo da esperada. O próximo PAP deve ser definido até junho, com participação direta da Fazenda e do Planejamento.

"O setor é tão consolidado e dá respostas tão rápidas que é perigoso até ele [Levy] me dar mais do que eu peço", disse Kátia Abreu. Ela considera que o PIB e a balança comercial dependem essencialmente da agropecuária.

O Brasil vai se recuperar "fabricando o que senão comida?", questionou à Folha, em entrevista a Mônica Bergamo. "Ele vai investir em carne boa. Não vai investir em carne podre", disparou, sem apontar que setor seria "carne podre".

Em relação ao setor sucroalcooleiro, que pode ter crise agravada pela queda nos preços internacionais do petróleo e espera apoio imediato, a nova ministra disse que não tem "solução mágica". Considera que o assunto é "gravíssimo" e deve envolver "todo o governo".

A agenda de trabalho de Kátia Abreu no Mapa foi aberta pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano. A audiência tinha como foco aumentar a eficiência de políticas agrícolas na recuperação de áreas degradadas. “Nada mais adequado para começar meu trabalho no ministério do que receber o presidente da FAO e fazer um evento para valorizar e reconhecer os produtores de água”, disse a ministra.

Respaldo

A presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ficou nas mãos de João Martins da Silva Júnior, que era vice de Kátia Abreu e também preside a Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb). A ministra deve ter amplo apoio do setor, apesar de atritos registrados durante as eleições da CNA com a Federação da Agricultura do Paraná (Faep), por exemplo, que questiona sua prestação de contas.

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