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Viúva há 18 anos, Cecília Falavigna assumiu a administração da fazenda e hoje é um dos destaques da região Norte. |
Viúva há 18 anos, Cecília Falavigna assumiu a administração da fazenda e hoje é um dos destaques da região Norte.| Foto:

A ideia de que o trabalho no agronegócio simboliza uma atividade essencialmente masculina é colocada à prova pelas mulheres. Da operação de máquinas ao comando de negócios e de grandes fazendas, elas ganham espaço e desafiam o machismo que ainda resta no setor. Conforme estudo da Associação Brasileira Marketing Rural e Agronegócio, o índice de mulheres com voz ativa no comando das propriedades chega a 10%.

Se o número parece baixo, vale lembrar que há uma década não passava de 1%, aponta o diretor de planejamento da ABMR&A, Ricardo Nicodemos. “Houve um avanço bastante significativo nos últimos anos, o que é um fenômeno muito interessante”, resume. Desde o início do ano, a atuação feminina também inclui a liderança máxima do agronegócio, depois que a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, se tornou a primeira mulher no comando da pasta.

“Nos últimos quatro anos, as mulheres ganharam espaço no setor para não perder mais”, conta a agricultora Elizete Telles Petter. Ela entrou na atividade para ajudar o marido após ele desfazer a sociedade com os irmãos. Na ocasião, Elizete deixou as atividades domésticas para ajudar na administração dos negócios. De lá para cá, o mundo do agronegócio entrou de forma definitiva em sua rotina.

Em 1995, ela se associou à Castrolanda, nos Campos Gerais, e começou a participar de atividades, inclusive de projetos de liderança para mulheres. Os passos seguintes, como ingressar no comitê de suinocultura, uma das atividades da família, e nos conselhos estratégico e fiscal da cooperativa, se deram naturalmente, até a eleição para o conselho de administração, no ano passado. Elizete foi a primeira mulher eleita para o cargo. “Conquistei o respeito por conhecer a atividade. Tenho certeza que minha participação irá abrir caminho para outras mulheres”, afirma.

“A mulher está muito mais esclarecida. Ela sabe buscar o que quer”, resume a produtora Cecília Falavigna, de Maringá (Norte). Professora, ela assumiu o comando da propriedade há 18 anos, quando ficou viúva. O desafio foi encarado sem medo, aproveitando a estrutura da cooperativa Cocamar para buscar qualificação e apoio técnico. Com a preparação, conseguiu montar uma equipe de trabalho e diversificar a produção, que contempla grãos e laranja.

A coroação do trabalho ocorreu após a última safra de verão, quando Cecília saiu vencedora do Concurso de Produtividade de Soja da Cocamar, com um rendimento de 79,9 sacas por hectare. Para ela, tudo é uma questão de coragem. “O machismo existe mesmo, como em qualquer setor, mas às vezes o preconceito está na cabeça da própria mulher. Meu foco ao entrar na competição não foi ganhar, mas sim aprender.”

Seja por vontade própria ou pelas circunstâncias, o aumento na participação das mulheres é crescente, aponta o coordenador do Núcleo de Agronegócios da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), José Luiz Tejon Megido. “Recentemente visitei uma fazenda do grupo Amaggi e perguntei quem era o melhor operador de colheitadeira. Eles me disseram que era uma mulher, chamada Benigna, que era muito mais cuidadosa do que a maioria dos homens que trabalhavam na mesma função”, conta.

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