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No estado que é o maior produtor de grãos do país, um município foi banido do mapa de produção de soja pelo Ministério da Agricultura. Alto Paraíso, no extremo Noroeste do Paraná, a 700 quilômetros de Curitiba, não aparece na lista do zoneamento agrícola para a cultura da soja na safra 2007/08, publicada no Diário Oficial da União de 13 de julho.

Em tese, para a próxima safra o governo federal não recomenda e nem reconhece o plantio da oleaginosa nessa localidade pela falta de condições climáticas. Na prática, o produtor pode até plantar, mas não tem acesso aos recursos do crédito oficial e não pode contratar custeio nem seguro agrícola junto aos agentes financeiros.

Os altos e baixos da área e produção de soja no município até serviriam de subsídio para a exclusão. Mas a instabilidade, provocada principalmente pelo solo altamente arenoso e por períodos de altas tempe-raturas não convenceu os técnicos do Ministério da Agricultura, que protestaram e pediram uma revisão das informações de Alto Paraíso.

Na última semana, a Agroconsult, empresa com sede no Rio de Janeiro que elabora o zoneamento agrícola nacional, atribuiu o caso a um erro eletrônico. Balbino Evangelista, técnico da Agroconsult, explicou que, no caso da soja, tecnicamente não se justifica a exclusão de Alto Paraíso, porque existe recomendação de plantio para municípios vizinhos.

O fato de o município ter mudado de nome seria a origem do equívoco. Alto Paraíso era Vila Alta até fevereiro de 2002. O novo número de cadastro não foi reconhecido pelo sistema usado pela Agroconsult. O município terá sua aptidão restabelecida antes do plantio (que ocorre a partir de outubro), garantiu Evangelista.

A revisão e atualização de dados é feita anualmente, a partir de estudos técnicos. O Ministério da Agricultura aponta regiões de baixo risco climático. Segundo Evangelista, uma das dificuldades do Arenito Caiuá, onde está Alto Paraíso, é que a região fica numa zona de transição climática.

Metodologia

Entre outros critérios, a metodologia que determina o zoneamento avalia se há disponibilidade hídrica em uma região para a cultura em questão em determinada época. No caso da soja, a pesquisa é desenvolvida pela Embrapa, de Londrina, e aplicada pela Agroconsult, que usa um banco de dados atualizado de distribuição de chuvas, evapotranspiração – consumo de água pela planta e capacidade de retenção pelo terreno – e classificação de solos.

José Renato Faria, pesquisador da Embrapa na área de ecofisiologia da soja, explica que a região do Arenito Caiuá tem pouca retenção e um consumo alto de água pela planta em função dos ventos fortes e temperaturas elevadas.

A soja não é o carro-chefe da produção em Alto Paraíso, que tem sua economia baseada na pecuária de corte. No ano passado, os abates responderam por R$ 24 milhões de um total de R$ 36,6 milhões do Valor Bruto da Produção Agropecuária. O grão somou renda de R$ 1,284 milhão, em 2,3 mil hectares (safra 2005/06). No ano agrícola 2006/07, a área caiu para 1,2 mil hectares, seguindo tendência regional.

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