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As chuvas do final de semana trouxeram alívio aos produtores paranaenses, que finalmente conseguiram tirar as máquinas do galpão e dar início ao plantio. Menos de 10% da área de milho e soja foram semeados, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e do Abas­tecimento (Seab).

O final de primavera quente e seco adiou o plantio da soja e retardou a semeadura do milho. O primeiro relatório de acompanhamento de safra do Deral, divulgado no último dia 20, acusou índice de plantio de apenas 3% para o cereal. Nos dois anos anteriores, cerca de um terço da área havia sido semeado nesta mesma época.

Até a semana passada, 2010 seguia o mesmo padrão de 2007. Algumas regiões do estado chegaram a ficar quase 50 dias sem chuva. Mapas do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec ) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre 1.º de agosto e a terceira semana de setembro, o Paraná recebeu entre 1 e 50 mm de chuva. Em anos de clima neutro, os volumes acumulados no bimestre variam de 200 mm (extremo Norte) a 350 mm (extremo Sul).

Ainda que não tenham sido suficientes para reverter o déficit, as precipitações do último final da semana aliviaram a situação. Em quatro dias, o estado recebeu entre 25 mm (nordeste) e 150 mm (extremo Sul) de chuva, conforme o Inpe. "Quem estava esperando chover para plantar já pode começar o plantio. O clima vai favorecer os trabalhos de campo no Paraná nos próximos sete a quinze dias", afirma Márcio Custódio, meteorologista do Instituto Somar.

Mas o alívio, alerta, será momentâneo. No início de outubro, as chuvas se deslocam para o Centro-Oeste do país e o clima volta a ficar seco no Paraná. "Essa será a tendência para a primavera e o verão. Estamos sob o efeito de um La Niña e, para a região Sul e o estado de Mato Grosso do Sul, isso significa médias pluviométricas abaixo do normal. Não quer dizer ausência total de chuva, mas elas ficam mais irregulares, tanto em tempo quanto em espaço", explica Custódio.

Apesar de ter começado com atraso, o plantio de verão deve ocorrer sem maiores problemas no Paraná, avalia o meteorologista. "Basta que o produtor fique atento às previsões para aproveitar toda e qualquer janela de plantio", recomenda. Segundo ele, o período mais crítico no estado será entre dezembro e janeiro. Se houver estiagem nessa época, pegará as lavouras paranaenses em estágio crítico, de enchimento de grãos. Para minimizar perdas, a dica é escalonar o plantio e usar diferentes variedades de semente com ciclos diversos.

No Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil, o La Niña atrasa a chegada da estação chuvosa. As precipitações que deveriam atingir essas regiões em setembro começarão apenas na primeira semana de outubro. "Há previsão de chuva para os próximos dez dias, mas o produtor deve tomar cuidado porque a umidade ainda será irregular e só deve se normalizar em novembro. Se plantar na hora errada, pode precisar replantar depois", alerta o meteorologista do Somar. Apesar desse quadro, estados como Mato Grosso e Goiás conseguirão plantar a safra de verão dentro do zoneamento agroclimático.

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