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África do Sul – Quando o assunto é pequeno produtor – caso do Paraná –, a África do Sul é um exemplo de como a biotecnologia pode viabilizar a produção de algodão em áreas de clima adverso e estrutura fundiária até então inviável do ponto de vista econômico. O país não está entre os maiores produtores, mas o cultivo de variedades geneticamente modificadas (OGM) é encarado como um importante componente social, responsável pela inserção de pequenas propriedades na atividade agrícola comercial.

O alto custo de produção, aliado aos problemas climáticas e de infestação de pragas quase acabaram com a cotonicultura sul-africana. Chove pouco e parte da produção precisa ser irrigada, a um custo que pode representar até 20% do investimento na lavoura. Dos 13 mil hectares cultivados atualmente, 80% são irrigados – a área total já foi de 120 mil ha.

A liberação para entrada do transgênico da Monsanto no país, o Bollgard (resistente a insetos) em 1998 e o RR (tolerante ao herbicida) em 2000, não impediu que a área continuasse a cair, mas possibilitou o retorno ou a entrada de centenas de agricultores à atividade. Um deles foi o produtor Thomas Joshef Buthelezi. Ele é presidente de uma associação de produtores na Província de Kwazulu-Natal, que reúne agricultores familiares com área de 2 a 10 hectares, pertencentes a tribos nativas da região. "Antes do Bt era impossível produzir. A tecnologia trouxe alívio e nos permitiu continuar a plantar algodão."

Thomas conta que na lavoura convencional fazia de 10 a 12 aplicações para combater as pragas, com aplicador costal. "Hoje faço duas aplicações", diz o produtor, que reclama apenas que "as sementes modificadas são mais caras, mas ainda assim compensa pelo ganho de produtividade".

Kobus Willense, gerente da maior algodoeira da região, a Makhathini Cotton, endossa a a avaliação do líder comunitário. Ele explica que o algodão só passou a ser viável porque a biotecnologia diminui o risco com frustrações climáticas e pragas.

Com maior garantia de produção, a empresa de Willense agora financia pequenos produtores, como os da associação de Thomas Joshef. A algodoeira presta serviço para plantar, irrigar e colher, tudo mecanizado, desde que o algodão seja transgênico. O dono da terra entra apenas com os tratos culturais.

De acordo com Fabiano Ferreira, gerente técnico de algodão da Mosanto, com o Bollgard é possível reduzir de 31 para 22 o número de produtos usados na cultura. "Algumas pragas são controladas naturalmente, sem a necessidade de aplicação, como o curuquerê, que ataca as folhas, e a lagarta da maça.

Além das variedades tolerantes ao glifosato e a insetos, na África do Sul já existem cultivares da segunda geração de transgênicos, com genes combinados, Bt+RR, introduzidas comercialmente em 2005. Danie Oliver, da empresa de sementes Delta Pine, destaca que "a África é uma potência no algodão, mas como alternativa à agricultura familiar". A Delta Pine é uma multinacional americana em processo de fusão com Monsanto.

O jornalista viajou a convite da Monsanto.

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