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Os irmãos João Vítor Verschoor Dykstra, 2 anos, e Claudia Dykstra, 5 anos, descendentes de holandeses, ainda não estão na idade de escolher a futura profissão. Hoje, além dos livros escolares, a preocupação dos irmãos é brincar na fazenda do avô, em Carambeí. Contudo, o cenário das brincadeiras infantis anuncia que a missão da nova geração é assumir o cultivo de terras férteis e o manejo do rebanho leiteiro da região, o mais produtivo do país.

O gosto pela atividade é cultivado desde cedo. "Como as crianças vivem no meio dos animais e na terra, a tendência é essa [de continuidade]", afirma a avó do casal, Gerdiena de Geus Dykstra. A fazenda da família é administrada pelo marido, João Dykstra, que herdou a propriedade dos pais imigrantes. Os três filhos do casal formaram-se agrônomos e trabalham na região. Adquirem experiência para assumir em "breve" a propriedade da família.

Em Holambra, no estado de São Paulo, a sucessão é um assunto recorrente. Com a preocupação de dar continuidade aos negócios, desde cedo, os pais abrem diálogo com os filhos para identificar os sucessores. "Os jovens saem para se preparar e voltam para assumir os negócios. Aqui, a sucessão é uma coisa pensada", afirma o holandês René Vernooy, proprietário da Pano­­rama Flores.

No município de Não-me-Toque, no Rio Grande do Sul, a cooperativa Cotrijal enfrenta dificuldades na renovação do seu quadro de associados, problema que estaria relacionado à sucessão dos produtores. Por resistência dos pais ou insatisfação dos filhos, os jovens estariam migrando em massa para regiões urbanas.

"Na Holanda, a cada ano diminui o número de pessoas ativas no setor agrícola também", conta o embaixador holandês Kees Rade.Outro problema é quando ocorre a morte do patriarca. Pela falta de experiência, os filhos acabam vendendo a propriedade ao vizinho.

"Não há discussão dentro da família e o descontentamento é mútuo", afirma o gerente de desenvolvimento cooperativista da Cotrijal, Enio Schroeder. "É preciso estimular a participação de todos os integrantes da família no processo e que as gerações vivam em sintonia."

Para evitar que o associado se afaste, a Cotrijal põe a sucessão em pauta em reuniões e palestras, na expectativa de despertar maior interesse pelas atividades rurais entre os jovens. Foi o que ocorreu com o produtor e associado da Cotrijal Marcos Antônio van Riel, 40 anos. Ele assumiu, há 14 anos, a fazenda da família, junto com o irmão Marcelo.

O pai deles deixou livre para que cada filho decidisse qual profissão gostaria de seguir e, posteriormente, escolheu os sucessores. "Meu pai permitiu que participássemos do dia-a-dia da fazenda desde cedo e, quando estávamos prontos [após completar o curso técnico em agropecuária e a faculdade de medicina veterinária] passou a propriedade de forma tranquila", ressalta.

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