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O imponderável da agricultura não está apenas no clima. As mudanças nos preços dos produtos agrícolas também costumam alterar, da noite para o dia, cenários que antes pareciam bem definidos. Tome-se a soja como exemplo. Em setembro, pouco antes do início do plantio da safra 2006/07, a perspectiva era de uma grande redução na área, devido à crise que acompanha os setor há cerca de dois anos. Três meses depois, com a disparada das cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago, o panorama é bem diferente.

Na sua segunda estimativa de safra, divulgada em setembro, a AgRural previa uma área plantada de 20,69 milhões de hectares, um recuo de 6,88% em relação ao plantio da temporada anterior (22,22 milhões de hectares, segundo os números oficiais da Conab). Naquela época, mais precisamente no dia 31 de setembro, a cotação da soja, ainda pressionada pela grande safra norte-americana, era de US$ 5,4750 por bushel.

Um mês depois, a promessa de boa demanda pela soja e a influência das altas no milho haviam levado a cotação para US$ 6,3025. Animado, o produtor tratou de aumentar o plantio por aqui. Resultado: em outubro, a estimativa da AgRural apontava uma área de 20,75 milhões de hectares. Como as cotações da soja continuaram subindo, até alcançar o pico de US$ 6,93 no último dia 27, a projeção da AgRural voltou a captar o estímulo dos preços nas intenções dos produtores, que agora devem plantar 21,33 milhões de hectares de soja, 4% a menos que o plantio do ano passado.

A diferença em relação à estimativa inicial é de apenas 2,88%. Mas ocorre que a disparada das cotações em Chicago não resultou apenas na mudança da intenção de plantio. O produtor também resolveu aumentar o uso de tecnologia. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos, nunca se vendeu tanto fertilizante nos meses de outubro e novembro, reflexo direto dos avanços do milho e da soja em Chicago.

Resumo da ópera: com a ajuda das altas da soja lá fora, o Brasil não vai plantar tão pouco quanto se esperava, nem investir muito menos que o necessário. No final das contas, a safra que começou estimada em 52,54 milhões de toneladas agora está projetada em 56,38 milhões de toneladas. Um recorde que só não vem se o clima, que até agora está colaborando, mudar tudo outra vez.

fmuraro@agrural.com.br, www.agrural.com.br

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