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Os produtores de trigo do Paraná gostariam que o estado ficasse mais ao Sul. Assim teriam tempo de reavaliar as tendências dessa cultura e ampliar a lavoura. O plantio foi encerrado na última semana, num momento em que os preços seguem em alta e tornam viável o cultivo do cereal, relegado a cobertura de inverno por boa parte dos produtores.

Mesmo assim, os triticultores paranaenses preferiram não arriscar. O risco climático – fonte de preocupação constante, responsável por quebra em quatro safras nos últimos dez anos – levou a uma redução no plantio. A área caiu 3,75% passando de 880 mil para 847 mil hectares, conforme avaliação do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab).

Mas quem plantou está animado, mesmo com a perda, estimada pelo Deral em no mínimo 5%, devido à falta de umidade nas primeiras semanas da safra. Se a ocorrência de chuva se normalizar e não houver geada tardia, o trigo, que está na fase de crescimento, volta a ser lucrativo como há muito não ocorria. Segundo a consultoria AgRural, quem tem trigo para vender no Paraná consegue 36,84% a mais que no mesmo período do ano passado.

A colheita de 2006 foi a pior dos últimos cinco anos. Ficou 58,9% abaixo da registrada no ano anterior. Houve quem perdesse toda a produção por causa das geadas registradas em 4, 5 e 6 de setembro do ano passado. A produção estadual foi de 1,2 milhão de toneladas. Agora, mesmo com área menor e destempero climático, a expectativa é de que o estado colha 60% a mais.

O próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) previa que o Paraná fosse apostar mais no trigo. As avaliações da safra estão sendo revistas todo mês e já caíram 7,5%. Os números nacionais seguem levemente em alta, uma vez que o Paraná é responsável por cerca de metade e o Rio Grande do Sul por um terço da produção de trigo do país.

O quadro que tornou o trigo mais lucrativo, e que traz de volta a possibilidade de aumento da produção nacional a longo prazo, deve-se à Argentina. O país vizinho, que fornece mais da metade do trigo consumido pelos brasileiros, diz que está sem produto para exportar e só vende farinha já industrializada desde março. Se a venda do grão for liberada por volta de setembro, como prevêem as indústrias brasileiras, a relação de dependência entre os dois países não muda, mas os preços do trigo brasileiro ficam acima do normal.

A procura é maior que a oferta. Na falta de produto argentino, se não quiserem pagar o preço nacional, os moinhos têm de importar de países como Canadá e Estados Unidos, gastando ainda mais. Se no Paraná os preços estão um terço acima dos praticados no mesmo período do ano passado, no Rio Grande do Sul a situação é ainda mais positiva para os produtores, com 40% de aumento. Na média de junho, o produto nacional alcançou R$ 510 e R$ 490 a tonelada, respectivamente.

A garantia mais sólida vem da queda no estoque mundial, que está em menos de 150 milhões de toneladas, como não ocorria desde 1989. O consumo, naquela época, ficava próximo do volume estocado. Hoje, representa o dobro das reservas.

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