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A produção de orgânicos da safra 2006/07 vai chegar a 100 mil toneladas no Paraná, segundo estimativa do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). O número indica que o volume colhido cresceu 22 vezes em relação a dez anos atrás, quando eram produzidas apenas 4,3 mil toneladas de orgânicos no estado. Mas isso é pouco. Para se ter uma idéia, só a batata convencional rende quatro vezes mais. E os orgânicos incluem frutas, hortaliças, mandioca, milho, soja, trigo, numa variedade de produtos que não pára de crescer.

Esse quadro se repete em âmbito nacional, segundo os especialistas. Em proporção, o setor vem apresentando crescimento vertiginoso, mas o volume pode aumentar muito mais. "Estamos organizando o setor para que isso possa ocorrer", afirma o gerente do Orgânicos Brasil, Ming Liu. O projeto, lançado há dez anos numa parceria entre governo federal e iniciativa privada, deve dar passos largos a partir de 2007, prevê o especialista.

Os problemas do setor começam no mercado interno. A distribuição depende do esforço dos próprios produtores, que fazem feiras e levam seus artigos até os supermercados. As exportações – destino da maior parte da produção – só devem aumentar substancialmente com a regulamentação dos certificados de orgânicos, que estaria prestes a ser assinada pelo presidente da República. Se não resolver este problema, o Brasil não poderá aproveitar o aumento do consumo mundial – estimado em 25% ao ano – para se firmar como fornecedor.

"Não tem mágica para resolver esse quadro do dia para a noite", afirma a engenheira de produção e doutora em administração Rosane Lúcia Chicarelli, que é professora da Universidade Federal de São Carlos (SP) e estuda o assunto desde o início da década. Ela diz que, mesmo depois da regulamentação da Lei dos Orgânicos, o Brasil terá uma fase de adaptação ao mercado internacional. "À medida que torna obrigatória uma série de normas, a legislação impõe custos e exige maior capacitação na propriedade", observa.

Ela considera que o setor terá de se adaptar ao "complicado" sistema de distribuição interna e externa. No Paraná, os supermercados exigem entrega em horários que nem sempre o produtor pode cumprir. Além disso, adotam a mesma política de devolução dos artigos não comercializados aplicada aos grandes fornecedores. Em relação ao mercado externo, aberto aos produtos menos perecíveis, faltam certificados mais baratos. Pequenos produtores reclamam que a certificação custa até R$ 2,5 mil por ano mesmo para quem ainda não exporta.

Os produtores brasileiros que desejam exportar precisam negociar com certificadoras aceitas no exterior. Seis delas são indicadas pelo projeto Orgânicos Brasil: O Instituto Biodinâmico (IBD) – único com acesso aos Estados Unidos, Europa e Japão –, o Instituto de Mercado Ecológico, a Eco Cert, a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), a Organização Internacional Agropecuária (OIA) e a Oko Garantie BCS.

O selo do Instituto de Tecnologia do Paraná, o Tecpar Cert, ainda não é reconhecido pelos órgãos internacionais. "Estamos em processo de acreditação junto à Ifoam (federação internacional dos movimentos da agricultura orgânica), mas o processo é demorado, pois temos que passar toda nossa documentação para o inglês e ainda sofrer auditoria", afirma o responsável pelo setor de orgânicos do Tecpar, Danilo Grapiuna Pereira.

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