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A exemplo do ano passado, os indicadores do agronegócio devem terminar o ano em queda no Brasil. O número recorde de pacotes agrícolas anunciados pelo governo não foi suficiente. Como as medidas não atacaram o cerne do problema, que está na relação cambial, a crise continua.

A boa notícia, porém, é que variação negativa será menor que em 2005. Sinal de que o setor ensaia uma recuperação e demonstra um certo otimismo para tirar o pé da lama. É claro que será uma retomada gradual, mais segura e planejada. Afinal, os danos e prejuízos acumulados nas últimas duas safras são brutais.

Neste mês foram divulgados dois importantes índices de referência do segmento. Um é a participação da produção agrícola e pecuária no Produto Interno Bruto (PIB) do país, que este ano será 1,9% menor que em 2005. Contudo, uma redução menor do que a registrada em 2004, que foi 4,66%.

Outro número que aponta para um cenário de retomada diz respeito à renda no campo, que mexe direto no bolso do produtor rural. Uma estimativa feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostra que em 2005 ela ficou 9,8% menor que a do ano anterior. Para 2006, é estimada uma nova diminuição, mas agora de 3,99%.

Isso não significa, porém, que o agricultor restabeleceu sua capacidade de investimento. Os reflexos da crise ainda estarão presentes na próxima safra, com a redução da área cultivada e o uso de menos tecnologia. O produtor vai continuar endividado – ele apenas alongou o prazo de pagamento das dívidas antigas – e sujeito às instabilidades climáticas, imprevisíveis, e fazendo malabarismos para reduzir os efeitos desastrosos da política cambial.

Numa previsão bastante otimista, os analistas acreditam que o produtor vai conseguir equacionar suas contas no período mínimo de dois a três anos, a começar pela próxima safra, apesar do cenário aparentemente desolador. Passa a valer a competência, o profissionalismo na gestão do negócio no campo. Para voltar a ser competitivo, o Brasil precisa aproveitar esse momento difícil, de retomada, para produzir mais, mas principalmente produzir melhor.

A redução da área cultiva com soja na safra 06/07, por exemplo, que segundo o Cepea deve ser de aproximadamente 10%, não deixa de ser reflexo da crise, mas pode representar uma volta à normalidade em termos de ocupação de terras no Brasil. O que acontece é que, com a queda na rentabilidade da lavoura, áreas menos rentáveis e de custo maior par a produzir tendem a uma retração.

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