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O ano de 2013 tem sido atípico para os produtores de hortaliças. A supervalorização no preço de produtos como o tomate e a cebola assustou os consumidores e melhorou a remuneração dos agricultores. A batata, que no ano passado valia menos de R$ 30 por saca no campo, agora passa dos R$ 70 por saca (50 kg), superando inclusive o preço da soja – principal commodity agrícola produzida e exportada pelo Brasil. Apesar de positivo para o setor produtivo, o quadro não garante a retomada das apostas dos agricultores, em sua maior parte donos de pequenos terrenos. Eles relatam que o aumento nos preços ocorrido neste ano equilibra as contas, mas não compensa os prejuízos de safras passadas.

“Nos últimos cinco anos tive despesas que dariam para comprar até dois carros novos, mas consegui apenas empatar os custos”, conta o agricultor Mario Zabelinksi, de Contenda, que fica na Região Metropolitana de Curitiba e integra o cinturão fornecedor de alimentos para a capital do estado. Ele trabalha sozinho na propriedade com pouco mais de 3 hectares. Cultiva soja, milho, repolho, abóbora, cebola e tomate. Este último já teve cerca de 4 mil pés plantados na área, mas hoje não passa de 1,5 mil. Zabelinksi destaca que há dificuldade em plantar mais, devido à escassez de mão de obra. “Se eu quiser plantar 2 mil pés pode ser que falte dinheiro”, reclama. A cultura é sensível a variações climáticas e exige monitoramento constante.

Zabelinski não é o único a reduzir o cultivo de hortaliças. A baixa rentabilidade e o alto risco comprometeram o plantio de alguns produtos no Paraná. Entre 2011/12 e 2012/13 o tomate, por exemplo, perdeu 11% de espaço no campo (de 5,6 mil hectares para 5 mil hectares). A área da batata caiu 5%  no mesmo período (de 29,1 mil ha para 27,7 mil ha). Na cebola, a redução foi de 6% (7,4 mil ha para 6,9 mil ha). Os dados são da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab).

Entressafra antecipada

As intempéries do clima também explicam parte da valorização de verduras e legumes, acrescenta a analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Isadora Palhare. A cebola deste ano foi comprometida por uma chuva de granizo durante a fase de desenvolvimento das plantações. Já o tomate  sofre constantemente com excesso de umidade. Foi o que ocorreu na última safra. “Geralmente a entressafra começava em junho, mas a quebra desse ano gerou uma antecipação.”

Para a próxima safra os preços ainda não asseguram uma retomada na produção. O economista do Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Seab, Marcelo Garrido, lembra que são as cotações que pesam na decisão de plantio, mas, “muitas vezes o produtor olha no retrovisor e não para a frente, o que pode ser arriscado”, diz.

Depois de acumular prejuízos com o tomate, o agricultor Osvaldo Rendake, também de Contenda, desistiu da cultura no ano passado. Apesar de ter perdido a chance de ganhar dinheiro com o fruto, ele obtém um acréscimo na renda graças à venda de produtos como repolho, acelga e berinjela, que também subiram de preço. “Se todo mundo apostar no tomate, o preço vai cair”, avalia. Os planos de Rendake ainda estão em aberto.

 

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