• Carregando...
Área de feijão irrigado no Rio Grande do Sul: estiagem prejudicou a produção | Christian Rizzi / Gazeta Do Povo
Área de feijão irrigado no Rio Grande do Sul: estiagem prejudicou a produção| Foto: Christian Rizzi / Gazeta Do Povo

Ganhos para o produtor, preços mais altos para o consumidor. Esse é o efeito causado pela alta nas cotações do feijão. No campo, o gráfico segue a trajetória ascendente desde agosto do ano passado, fato que agora começa a gerar maior influência no varejo. A redução na área plantada e os problemas climáticos comprometeram o desempenho da primeira safra do grão -- que costuma ser a mais relevante em termos de oferta. Com pouco produto disponível, logo veio a consequência.

O salto nos preços pode ser notado na comparação com os níveis de janeiro do ano passado. Na época, o agricultor negociava a saca de 60 quilos do feijão de cor, em média, a R$ 139, enquanto a do preto saía por R$ 86, apontam dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Hoje a saca do carioca é negociada a R$ 200, e a do preto a R$130.

Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, de Curitiba, atribui a elevação dos preços à redução do plantio na safra das águas, que está sendo colhida agora, e também aos problemas climáticos. “Houve uma fuga dos produtores para a soja. Além disso, uma geada atingiu a região Sul e reduziu o potencial das áreas”, explica. Ele acrescenta que na região central do país, também produtora do alimento, o problema foi a estiagem em novembro e dezembro, o que colaborou para a redução na oferta.

Nas prateleiras é possível encontrar o feijão carioca sendo vendido a mais de R$ 5 por quilo, conforme indica o Disque Economia, serviço da Prefeitura de Curitiba que faz o levantamento diário dos preços. Em dezembro, na média mensal da Seab, o custo para o consumidor era de R$ 4,39. Brandalizze avalia que o preço não deve subir mais, pois há risco da demanda cair. “O consumo ainda limita a alta dos preços.”

No custo da cesta básica, contudo, o impacto da alta dos preços do alimento ainda não é tão grande, afirma Sandro Silva, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Paraná (Dieese). “O feijão seguiu a tendência de alta dos outros produtos da cesta, mas ainda tem um peso pequeno considerando o valor total”, explica. Ele lembra que o produto teve uma alta expressiva em 2008, quanto o preço médio do feijão preto em Curitiba foi de R$ 4,27.

Os problemas de oferta, que tem puxado os preços, devem ser contornados ainda neste ano, pelo menos para o feijão de cor, avalia Marcelo Lüders, diretor da Correpar Corretora. “Onde for possível todos vão plantar feijão”, afirma. Nem todas as regiões têm condições favoráveis para o cultivo da segunda safra, que começa a ser semeada agora, mas a Seab estima que a produção aumente 23% em relação ao último ano, totalizando 425 mil toneladas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]