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Foz do Iguaçu – A criação de peixes em tanques-redes no lago de Itaipu (Oeste do estado) mostra que o sistema tem potencial para elevar a produção brasileira de carne branca e, ao mesmo tempo, favorecer as comunidades afetadas pelo empobrecimento dos rios. Segundo os responsáveis pelo projeto, o uso de gaiolas diminui o impacto da atividade pesqueira ao meio ambiente e eleva o rendimento do setor. Outra vantagem é que o sistema de coleta é bem mais tranqüilo que a pescaria tradicional.

Os benefícios ambientais, econômicos e sociais tornam o projeto estratégico, avalia o ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (Seap-PR), Altemir Gregolin. A implantação de tanques-redes começou no início desta década. Espécie de gaiola flutuante, a estrutura tem cerca de três metros cúbicos e é usada no confinamento dos peixes. Aos poucos, substitui as antigas redes, que capturam cada vez menos espécimes.

Em 1987, a pesca tradicional alcançava 2 mil toneladas ao ano na região, 2,5 vezes mais que as 800 toneladas atuais. A redução não é atribuída só a fatores ambientais, mas à própria elevação do número de pessoas que vivem da atividade, ou seja, à redução dos estoques. "Tudo isso justifica cada vez mais os tanques, pois além de o peixe ser produzido, poupam-se os estoques e podemos recuperar a população das espécies", avalia o coordenador dos programas de pesca de Itaipu, Pedro Tonelli.

Pescadores tradicionais até três anos atrás, os agricultores do Assentamento Antônio Companheiro Tavares – entre Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu, a 25 quilômetros de Foz – praticamente abandonaram as redes. Com 16 tanques, o complemento alimentar e de renda é obtido sem "nenhum trabalho", explica Adilson Borges, um dos líderes da comunidade.

"Hoje, se eu pegar uma rede e comparar com a produção de um tanque fico até com raiva. Muitas vezes colocamos mil, 2 mil metros de tarrafa e tiramos cinco a dez peixinhos. O tanque não tem nem comparação", afirma.

Alimento para as cerca de 80 famílias do assentamento de 1.080 hectares na antiga Fazenda Mitacoré , os peixes também são comercializados. Além das comunidades de assentados, o projeto de aqüicultura já foi experimentado por índios e pescadores tradicionais. Atualmente existem módulos de produção individuais para cada uma das sete colônias de pescadores do lago da usina, entre Foz e Guaíra. Em 2 mil metros quadrados de lâmina de água do lado brasileiro do reservatório, 190 profissionais praticam a aqüicultura, além de 136 famílias indígenas. Em comum, o manejo coletivo dos tanques.

A produção anual alcança cerca de 150 toneladas por ano. "Temos um potencial enorme, mas nem começamos a ocupar a imensa área que pode ser licenciada", argumenta Tonelli. Quinze braços do reservatório ainda não foram licenciados. A intenção é multiplicar a produção por 12 nos próximos anos.

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