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Amilton Viniski deixa de lado o fumo e alcança margem de lucro de 65% no cultivo de feijão em Ipiranga | Josue Teixeira / Gazeta Do Povo
Amilton Viniski deixa de lado o fumo e alcança margem de lucro de 65% no cultivo de feijão em Ipiranga| Foto: Josue Teixeira / Gazeta Do Povo
Lavouras de menos de dez hectares têm gestão profissional

Entre 2000 e 2013, o Projeto Centro-Sul de Feijão e Milho, que envolveu 15 mil produtores de feijão e 11 mil de milho no Paraná, registrou ganhos expressivos na produtividade. Os participantes saltaram de 1,08 mil quilos para 2,24 mil quilos por hectare de feijão, um avanço de 106,4%. No mesmo período, a média do crescimento estadual foi de 75% (897 kg para 1,56 mil kg/ha) e a nacional de 43,68% (719 kg para 1,03 mil kg/ha). O quadro mostra como a aplicação orientada da tecnologia influencia os resultados no campo, especialmente na agricultura familiar, aponta o agrônomo Germano Kusdra, do Instituto Emater e coordenador estadual do projeto.

Resultado de parceria entre a Emater, Syngenta, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o programa capacita agricultores familiares e busca de aumento de produtividade e de rentabilidade no campo. A estratégia coloca pequenos produtores na linha de frente da eficiência em produção.

O foco é o feijão. Kusdra diz que o milho é trabalhado como cultura complementar. Na agricultura familiar, o cereal tem forte participação na alimentação dos animais, para produção de leite, carne, ovos, por exemplo.

Em produtividade, o milho avançou 35% nas propriedades dos agricultores que fazem parte do projeto, passando de 6,23 mil para 8,42 mil quilos por hectare. No Paraná, a elevação foi de 111,53% (de 2,63 mil a 5,58 mil kg/ha) e, no Brasil, de 93,89% (2,48 mil a 4,80 mil kg/ha).

Na área do programa, há produtores que colhem mais de 13 mil kg/ha, ou 2,8 vezes a média nacional. Quanto ao feijão, houve casos de produção de 3,68 mil quilos por hectare, com potencial para chegar a 4 mil kg/ha. “O agricultor familiar tem condições de produzir e obter renda, com o feijão e o milho, proporcionalmente igual aos médios e grandes produtores”, afirma Kusdra.

A capacitação ocorre no dia a dia e em encontros técnicos. Os agricultores recebem tecnologia de ponta, como sementes de última geração. São atualizados ainda em relação a políticas públicas e à preservação ambiental, por exemplo.

Antonio Marques de Souza, agrônomo da Syngenta e um dos responsáveis pelo projeto, explica que unidades demonstrativas funcionam como vitrines das tecnologias. Nessas parcelas, o agricultor familiar tem a prova do quanto a atividade sustentável pode lhe proporcionar em ganho de produtividade e aumento de renda. O Iapar e a Embrapa fornecem as sementes de feijão e a Syngenta, as de milho.

Segundo Souza, o plantio direto é regra em 100% das propriedades que integram o Centro-Sul Feijão e Milho. Atualmente, há 82 unidades demonstrativas de feijão e 71 de milho em 41 municípios com o acompanhamento de 53 técnicos da Emater. O projeto é desenvolvido nas regiões de Curitiba, Guarapuava, Irati, Ivaiporã, Ponta Grossa, Santo Antônio da Platina e União da Vitória.

Produção cresce mesmo com corte no custo

Lavouras de menos de dez hectares têm gestão profissional

O agricultor Amilton Viniski, de Ipiranga (Campos Gerais), avalia o programa Centro-Sul Feijão e Milho com uma comparação: “Não dá para tirar em um serviço na cidade o que ganho na lavoura. Lógico que é muito trabalhoso, principalmente no final e início de ano, mas a recompensa vem depois.”

Ele cultiva 4,8 hectares de feijão. A produtividade média é de 2,4 mil quilos por hectare, 78% a mais que a registrada antes de entrar para o projeto há três anos.

As mudanças vão além disso.“Com os incentivos, eu reduzi o custo de produção e aumentei a rentabilidade. Estou plantando um hectare a mais, com produtividade maior.” Na última safra, com a saca de feijão a R$ 120, registrou margem de 65% sobre os custos.

Ele cultiva o milho em 2,4 hectares, com produtividade média de 9,9 mil quilos/ha, marca que elevou em um terço. O que melhora a produtividade é também a persistência. Sua intenção é chegar aos 10,9 mil kg/ha de milho. Por enquanto, a margem é de 50%, considerando R$ 20 por saca. A renda dos grãos ajuda a pagar um trator, parcelado em R$ 5,5 mil por ano.

O agricultor Silvestre Deda avalia que, sem o incremento em produtividade, não seria viável para plantar milho. Desde a década de 1990, quando colhia 7,2 mil quilos por hectare, o avanço foi de 48%. Sua produtividade atual é de 11,4 mil quilos por hectare. “O projeto mostra que vale a pena investir em tecnologia para melhorar o solo e aumentar a produtividade das lavouras”, resume. Dono do Sítio São Cristóvão, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, na safra atual, Deda plantou 8 hectares com milho, 35 hectares com soja e 5 hectares com feijão.

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