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O principal polo de sericicultura do Brasil, Tuneiras do Oeste, no Noroeste do estado, terá que lidar com um prejuízo inesperado neste ciclo. Cerca de 11 famílias do município contabilizam perdas de, pelo menos, R$ 50 mil. O motivo seria a morte de milhares de lagartas de bicho da seda por conta de uma aplicação de um defensivo agrícola em uma lavoura de milho da região, no começo do mês. Ao todo, os sericicultores avaliam perda de 50 caixas utilizadas para a criação, cada uma com 35 mil lagartas (1,7 milhão, no total).

“Eles passaram o veneno com um avião e no mesmo dia teve uma chuva. A gente acredita que o vento puxou o defensivo aqui para as amoreiras”, conta a produtora rural Ivone Pereira, que utiliza as folhas da árvore para alimentação das lagartas.

Além das lagartas mortas, o medo das famílias é de que a conta do prejuízo fique ainda mais cara. Isto porque, segundo especialistas, é provável que boa parte das amoreiras continue contaminada, o que prejudicaria os próximos ciclos. Assim, o prejuízo poderia ultrapassar os R$ 100 mil. “Agora só em setembro, pois até o inverno essas amoreiras estão condenadas. É o único alimento dos bichinhos”, lamenta dona Ivone.

“A gente fica de mãos atadas, sem poder trabalhar. No meu caso, eu estava com 2,5 caixas, mas teve colega que perdeu 12. O prejuízo é de R$ 1 mil por caixa”, afirma o produtor Henrique Mendes.

Atualmente, o Paraná responde por 88% da produção nacional de seda, com 2,3 mil toneladas de casulos por ano. Metade das famílias que se dedica à atividade está concentrada na região Noroeste, de acordo com números da Câmara Técnica do Complexo da Seda do Estado do Paraná.

Produção

A perda dos criadores de Tuneiras do Oeste não chega a ter um impacto significativo na cadeia produtiva estadual. Como cada caixa rende, em média, até 70 quilos de casulo, o prejuízo representa 3,5 toneladas (0,15%).

Porém, para os produtores familiares da região, a inviabilidade do negócio é um dano enorme para viabilidade da propriedade. “Nós temos alguns compromissos que não vamos conseguir cumprir. Essa é a renda deles, a época em que eles têm pra fazer um dinheirinho”, diz João Donizete Saldan, supervisor da Bratac, empresa que fornece as caixas com as lagartas e, posteriormente, compra os casulos.

Para o gerente da Câmara Técnica da Seda, Oswaldo Pádua, é preciso que os setores produtivos sentem para negociar para minimizar os danos. "Nós tínhamos muitos problemas por conta da produção de cana de açúcar, mas conseguimos melhorar com uma política de boa vizinhança. Deste jeito, mais famílias irão deixar a atividade”, afirma.

Investigação

A situação em Tuneiras do Oeste chegou até a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). O fiscal da unidade de Umuarama, Ivo da Silva, é quem investiga o caso. O profissional diz que, na última segunda-feira (23), enviou uma notificação ao dono da lavoura de milho onde o defensivo foi pulverizado que tem 10 dias, a partir do recebimento do documento, para prestar esclarecimentos.

“Ainda não sabemos qual é produto e como ele foi utilizado. Então, o dono vai ter que apresentar nota fiscal, receituário agronômico e o plano de voo da aeronave naquela data. Se verificarmos que a distância mínima não foi respeitada, ele pode receber advertência ou multa", explica Ivo.

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