Produção em baixa escala

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O lado social do programa do biodiesel custa a aparecer no Paraná. Num dos municípios mais empenhados em envolver mão-de-obra da agricultura familiar, Wenceslau Braz (Norte Pioneiro), há apenas 15 cadastrados à produção de mamona. Para o prefeito, Cristovam Andraus, o projeto é "mais uma" alternativa na diversificação da atividade rural.

"A mamona é um complemento de renda, uma forma de aproveitar áreas vazias", declara Andraus. Para ele, se o primeiro grupo se der bem, o total de produtores envolvidos vai chegar a 80 no município.

O plantio ainda depende de chuva. Se as previsões se confirmarem, o esforço resultará em 300 mil litros de biodiesel em 18 meses. O programa é coordenado pela bióloga Iraci Alves. Ela emprestou áreas dos produtores para testar, no inverno, a canola e, no verão, o amendoim, cártamo, girassol, mamona e soja. Sua conclusão é que a mamona é a cultura mais adequada, por exigir mão-de-obra e render até 5 toneladas por hectare.

Uma parceria da prefeitura de Wenceslau e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetaep) com a Brasil EcoDiesel deu início ao programa. Há uma semana, 15 produtores assinaram contrato com a empresa pré-fixando o preço do quilo de semente de mamona em 60 centavos (mesmo valor do quilo de soja).

O produtor de tomates Jorge Sabater vai destinar 2 hectares – 20% da propriedade – à mamona. Ele pretende reduzir a área do milho, que vem rendendo 8 toneladas por hectare – 19% a mais que a média estadual.

"Minha preocupação é dar mais serviço ao pessoal que trabalha no tomate, onde está minha principal renda". Proprietário de 11 hectares, ele oferece trabalho a seis pessoas. A mamona vai aumentar a necessidade de mão-de-obra em novembro e maio, afirma.

Nada impede que ocorra em Wenceslau o que se deu em Roncador (Centro-Oeste), onde cerca de 80 produtores de mamona colheram menos mamona que o esperado – cerca de 4,2 toneladas por hectare – em junho. Eles reclamaram de falta de assistência técnica e do clima. No Paraná, não há usina para sementes de mamonas. A mais próxima fica em Rosário do Sul (RS), o que limita a renda dos produtores.