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Os produtores paranaenses de mandioca estão recebendo até quatro vezes mais do que arrecadavam no início da década passada por tonelada de raiz. A área colhida, que havia caído 15% en­­tre 2001 e 2009 (para a casa de 150 mil hectares) deu um salto nos últimos dois anos, chegando a 200 mil hectares. A produção oscilou entre 3,5 milhões e 4 milhões de toneladas no período, mas deve chegar a 4,6 milhões em 2012, conforme o Depar­­tamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab). O novo ânimo é resultado, justamente, da evolução do preço da tonelada de raiz, que segue média de R$ 230/t neste ano.

Em 2001, a tonelada de mandioca era vendida no estado por R$ 52,5, de acordo com o banco de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2000 e 2010, o reajuste foi de 97%. Nos dois casos, os índices su­­peram a evolução dos custos, que chegam a R$ 2 mil por hectare e são 40% maiores do que os do início da década passada, de acordo com a Embrapa e consultorias privadas do setor. Atualmente, é possível arrecadar R$ 3 mil a partir da produção de um hectare, com 35% de lucro.

O Paraná é o segundo maior produtor de raiz do Brasil – atrás da Bahia – e o primeiro no ran­­king de produção de amido, substância resultante da prensa da mandioca, com 74% do mercado nacional. "De uma maneira geral, as commodities estão com bons preços. O Paraná deve elevar a produção de mandioca e amido nas próximas safras", destaca o vice-presidente da Associação Brasi­­leira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Ivo Pierin Junior, também dono de uma indústria, em Paranavaí, que produz cerca de 16 mil toneladas de amido por ano.

Tradição rural

O produtor rural Valdezino Alves Rodrigues, 55 anos, passou os últimos 15 anos nas plantações de mandioca. Começou com sete hectares em 1996 e agora cultiva perto de 280 ha, em Xambrê, (Noroeste do estado), onde está concentrada a maioria dos produtores. Ele conta que recebe R$ 215 por tonelada da raiz e que "sobra um pouco de dinheiro" além dos custos.

Apesar da evolução das cotações, Rodrigues lembra com saudade das safras de 2003 e 2004, quando recebia entre R$ 300 e R$ 350/t. Nesses dois anos, o preço médio pago aos produtores do Paraná era bem menor, conforme o IBGE: R$ 194 (2003) e R$ 215 (2004). Porém, a base de comparação do produtor explica sua avaliação. No início da década, o faturamento de um hectare de mandioca dava para comprar um hectare de terra. Hoje é necessário tirar a renda de cinco hectares para isso, compara. "Mas a mandioca ainda é a melhor roça em nossa região", pondera.

Junto com dois filhos, Ro­­drigues amanhece na lavoura e, quando é noite, ainda está na fecularia, em Umuarama, ajudando a descarregar o caminhão. Apesar do lucro com a mandioca, a família está atenta a outras alternativas de renda.Os Rodrigues pensam em criar frangos e a produzir leite.

O principal ganho dos produtores de mandioca é com o amido – o produto também é consumido in natura, farinha e na ração animal. A tonelada chega a valer R$ 1.350. Perto de 70% da produção nacional segue para a indústria de alimentos e o restante para indústrias de papel e papelão, medicamentos e tecidos, por exemplo. Mais de mil produtos utilizam o amido da raiz em sua fórmula.

"Nós perdemos espaço na indústria de alimentos porque o preço ficou alto em relação ao amido de milho. Mas, como existem aplicações específicas, em que o derivado da mandioca não pode ser substituído, e demanda aumentou, nos mantivemos no mercado", explica Pierin.

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