Questão de prazo e de clima

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Dentro de uma ou duas semanas, devem chegar ao estado as tão esperadas chuvas prometidas pelo El Niño, relatam os meteorologistas entrevistados para a edição de hoje do caderno Agronegócio. Apesar de alguns produtores já terem iniciado o plantio do milho, o da soja só deve engrenar quando as frentes frias conseguirem subir o mapa. Por enquanto, elas chegam só até o Rio Grande do Sul. E Paraná e Santa Catarina têm de se contentar com chuvas fracas e alguns pés de vento.

Enquanto a umidade do solo não for recuperada – para algumas regiões do Paraná os agrônomos afirmam que são necessários até 60 milímetros de chuva –, torna-se temerário lançar as sementes à terra. O quadro exige paciência dos produtores, que não veem a hora de colocar as plantadeiras para correr, inclusive em áreas tradicionalmente usadas no cultivo de hortigranjeiros, mostra outra matéria desta edição.

Uma das primeiras regiões do Brasil a plantar soja e milho de verão todo ano, o Oeste do Paraná abre a safra com pelo menos uma semana de "atraso". A saída será torcer para que, no primeiro semestre do ano que vem, a geada não chegue tão cedo nas áreas que receberão milho de inverno logo após a colheita da soja.

Sem dúvida, esse "atraso" é relativo. Apesar de os produtores argumentarem que lucram mais concentrando o plantio de verão no final de setembro e antecipando a safra de inverno, não há consenso entre os técnicos sobre a eficácia dessa estratégia. Parte deles considera que a melhor época para semear não são os primeiros dias do prazo do zoneamento agroclimático, mas os do meio. Ou seja, para esse grupo, não há problema em se plantar soja ao longo de outubro. Pelo contrário: a probabilidade de uma boa safra seria bem maior. Essa estratégia considera ainda que é melhor garantir uma boa produtividade para o grão mais valorizado do mercado do que colocar o "carro-chefe" da produção de grãos em risco. Com a saca da oleaginosa acima de R$ 75, o cereal teria de estar custando R$ 10 a mais do que os R$ 25/sc atuais para sustentar apostas tão altas.