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Commodity de ouro: lavouras brasileiras de soja saciam cada vez mais o apetite internacional e ajudam a sustentar a economia do país. Carnes e complexo sucroalcooleiro também se destacam | Arquivo/christian Rizzi/gazeta Do Povo
Commodity de ouro: lavouras brasileiras de soja saciam cada vez mais o apetite internacional e ajudam a sustentar a economia do país. Carnes e complexo sucroalcooleiro também se destacam| Foto: Arquivo/christian Rizzi/gazeta Do Povo

O déficit na balança comercial brasileira, de US$ 91 milhões no acumulado de janeiro a novembro, esconde o ótimo desempenho do embarque de produtos agrícolas em 2013. As exportações com origem no campo atingiram US$ 93,5 bilhões em 11 meses, o equivalente a 42% de toda a receita de exportações do país. Descontando as importações, o superávit do agronegócio chega a US$ 77,8 bilhões, montante que praticamente compensou o déficit de US$ 77,9 bilhões dos demais produtos.

O resultado dos onze meses deste ano é o retrato fiel do que ocorreu na última década, quando ao menos um terço das exportações teve origem no agronegócio. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) comprovam a importância do campo para economia nacional. Desde 2001 o país se apoia no setor agrícola para garantir o superávit na balança comercial. E, nos últimos seis anos, o saldo positivo do agronegócio foi maior que o saldo de toda balança comercial brasileira.

“Esse é o perfil do Brasil. Há alguns anos o país tem essa dependência [do agronegócio], que só aumenta com a desaceleração dos setores industriais”, explica Evaldo Alves, professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Tripé lucrativo

O aumento das exportações do agronegócio na última década teve como pilares os grãos (soja e milho), as carnes e o complexo sucroalcooleiro, que neste ano responderam por 62% dos embarques do campo. Mesmo nos anos em que algum dos três segmentos registrou queda, os demais acabaram por garantir o crescimento geral do setor.

O crescimento da produção de grãos, aliado ao apetite de países da União Europeia e da Ásia (principal destino das exportações do agronegócio em 2013) e ao bom preço colocam as commodities como principal “moeda” da balança comercial do agronegócio.

Na última década, apesar das quedas de 2005 e 2009, o valor das exportações do complexo soja e o milho cresceu 406%. No acumulado deste ano, os agricultores brasileiros já garantiram US$ 35,9 bilhões, recorde histórico, só com a venda desses dois grãos.

“O Brasil tem vantagem para produção agrícola, principalmente na questão de área. Como existe demanda internacional, o país está relativamente tranquilo quanto a não perder espaço nos próximos anos”, avalia Gilson Martins, assessor técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Sistema Ocepar).

Apesar de embargos em alguns mercados, as carnes mantém o bom desempenho, principalmente o frango, do qual o Brasil é o maior exportador. O país embarcou US$ 15,3 bilhões em onze meses, mais que os US$ 14,9 bilhões de 2012.

O complexo sucroalcooleiro permanece em um patamar considerável de negócios. O país exportou 27 mil toneladas neste ano, ante 24 mil toneladas no mesmo período de 2012. Porém, a receita baixou 6,2%, para US$ 12,6 bilhões.

Combustíveis foram os vilões do ano

O cenário internacional e o aumento na importação de combustíveis são os principais fatores que empurraram a balança comercial brasileira para um déficit de US$ 91 milhões no acumulado de janeiro a novembro de 2013. Na mesma época do ano passado, o cenário era bastante diferente, com superávit de US$ 17 bilhões.

Com a incapacidade de suprir a demanda interna de combustíveis apenas com a produção própria, o Brasil elevou a importação de petróleo e derivados. Enquanto as compras das demais categorias, como bens de capital, matérias-primas e bens de consumo, tiveram crescimento de 5,6%, 6,9% e 4%, respectivamente, os combustíveis deram um salto de 13,8%.

Para piorar a situação, o Brasil teve de aumentar as importações em função do acidente que paralisou por mais de 20 dias a produção na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

Do outro lado da balança, houve redução nas exportações para alguns mercados historicamente importantes. De acordo com o relatório do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as vendas para os Estados Unidos caíram 9,4%, enquanto os negócios com o Oriente Médio baixaram 7%. Por conta da crise que assola vários países da Europa, o bloco comprou 3,4% menos neste ano.

 

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