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Colheita de soja em Toledo: grão que elevou o VBP no estado é o terceiro colocado no município | Jonathan Campos/gazeta Do Povo
Colheita de soja em Toledo: grão que elevou o VBP no estado é o terceiro colocado no município| Foto: Jonathan Campos/gazeta Do Povo

O salto de 20% no Va­­lor Bruto da Produção Agro­­pecuária (VBP) – na primeira bateria de números consolidados sobre a renda de 2013 liberada pelo Departamento de Economia Rural (Deral) – foi um passo bem maior que o previsto e indica que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor também terá incremento substancial. Com participação de perto de um terço na economia do estado, essa expansão abre um período de saúde financeira que promete se estender também a 2014, embora o incremento deste ano seja menor, conforme indica o mercado.

Apesar de representar só a arrecadação da porteira para dentro, num estado em que praticamente toda a área de produção já vem sendo utilizada, o VBP agropecuário aumentou de R$ 54 bilhões (2012) para R$ 69 bilhões (2013). A diferença entre os números absolutos é de 27% e, considerando esses valores corrigidos (deflacionados), se sustenta em 20%.

Mesmo levando-se em conta o fato de que em 2012 a produção foi reduzida por falta de chuvas, o aumento registrado no ano seguinte é “supreendente”, aponta o diretor do Deral, Francisco Simioni. “Estávamos prevendo R$ 65 bilhões, ou até R$ 67 bilhões”, lembra.

Liderança

O Paraná tem três municípios que arrecadam mais de R$ 1 bilhão vendendo grãos, carnes ou leite. Toledo, Cascavel e Castro fizeram juntos R$ 4,31 bilhões em 2013 (6,24% do valor estadual). Na região Oeste, há quatro municípios que arrecadam mais de 1% do VBP do estado, considerando Toledo, Cascavel, Marechal Cândido Rondon e Assis Chateaubriand (veja ranking dos líderes). Cas­­tro, nos Campos Gerais, também está cercado de grandes produtores, como Tibagi (R$ 793 milhões), Piraí do Sul (R$ 578 milhões), Palmeira (R$ 523 milhões) e Ponta Grossa (R$ 505 milhões).

A explicação para o resultado extra vem principalmente da produção e dos preços da soja num ano em que outros setores também foram bem, analisa Simioni. Ele considera que dificilmente um salto tão expressivo se repetirá, uma vez que a produção do estado tende a crescer lentamente pelo fato de não haver mais áreas extensas a serem abertas.

O Deral divulgou o VBP estadual e o VBP de cada município. Os dados são preliminares porque, até o fim deste mês, as prefeituras podem contestá-los, tentando garantir fatia expressiva no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O peso do VBP é de aproximadamente 8% na cesta de índices que definem o FPM.

As correções dos municípios não devem reduzir o VBP. Como o interesse das prefeituras é demonstrar ao máximo o desempenho municipal, os reajustes tendem a ser para cima.

Apesar da pressão crescente sobre os preços das commodities (leia reportagem de capa sobre a influência da safra recorde dos Estados Unidos), a previsão é de novo aumento no VBP em 2014. Em âmbito nacional, a expectativa era de incremento de 8,3% e foi rebaixada para 3,5%, o que ainda representa renda de R$ 448 bilhões.

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Entre os municípios que mais arrecadam com a agropecuária no Paraná, Toledo tem a liderança com uma vantagem expressiva e um perfil de produção verticalizada. O município tinha sido fortemente afetado pela falta de chuvas nos resultados de 2012, mas recuperou a dianteira e espera se manter nessa posição.

O faturamento de R$ 1,59 bilhão em 2013 deve-se principalmente à produção de suínos (R$ 411 milhões) e de frango (R$ 245 milhões). Os dois principais segmentos da pecuária superam a soja (R$ 238,85 milhões) e o milho (R$ 121,68 milhões), um quadro diferente do registrado na maior parte dos municípios com economia baseada na atividade rural.

A recuperação da agropecuária garantiu incremento de 43,57% no Valor Bruto da Produção em Toledo. Mas houve municípios que ultrapassaram esse índice. Três integrantes da seleta lista dos que faturam mais de 1% do VBP estadual tiveram expansão maior. Assis Chateaubriand chegou a 58%, Cascavel a 56% e Marechal Cândido Rondon a 51%. Esses passam a compor uma zona de alto rendimento no Oeste do Paraná.

Pelo menos entre esses municípios, não deve haver pedidos de revisão no VBP anunciado pelo Departamento de Economia Rural (Deral). Não foram só o clima e os preços favoráveis que ajudaram a região, aponta o prefeito de Toledo, Beto Lunitti. Ele defende que investimentos em rodovias rurais, por exemplo, vêm estimulando a produção. Depois de verticalizar a agropecuária com frango e suíno, as metas agora são ampliar também a produção de peixes, avançar na agricultura de precisão e atrair mais agroindústrias. A expectativa é que a expansão no VBP de 2013 represente incremento de R$ 11 milhões na arrecadação da prefeitura. A previsão é que, em 2015, o município tenha retorno de R$ 83 milhões referentes ao ICMS gerado com impulso da agropecuária.

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Também chamado de “pibinho agropecuário”, o Valor Bruto da Produção indica que o PIB do agronegócio do estado também vai crescer, aponta Julio Suzuki, diretor de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). A questão agora é calcular se os R$ 69 bilhões vão elevar a previsão de crescimento no PIB geral do estado referente a 2013, que era 5% – o dobro do índice de 2012.

Esses cálculos ainda dependem de números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O VBP do agronegócio considera apenas a receita bruta do que é vendido pelos produtores. O PIB, que é o resultado das receitas descontadas as despesas, abrange também o comércio, a prestação de serviços e a indústria, mesmo quando leva em conta apenas os resultados de um segmento como a agropecuária.

O incremento no VBP mostra que houve um volume maior de produtos para vender e que os preços estavam bons, afirma Suzuki. “Com mais matéria-prima no mercado, a tendência é que a indústria também tenha renda maior”, explica. “Ganhando mais, os produtores rurais tendem a gastar mais no comércio, o que também ajuda no PIB”, acrescenta.

3,5% de crescimento no Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária brasileiras são esperados em 2014. Índice é pequeno se comparado aos 20% registrados no Paraná em 2013. Queda nos preços médios de commodities como a soja e o milho puxam para baixo resultados esperados para este ano.

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