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A rotina de trabalho nas zonas rurais do Paraná está mudando nos últimos anos. O motivo é o crescimento dos casos de roubo a propriedades, forçando os produtores a adotar estratégias para evitar prejuízos financeiros. A Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) não tem dados oficial de infrações, mas os agricultores relatam que o número de ocorrências tem aumentado significativamente a cada temporada no estado.

Na maior parte dos casos, grupos armados invadem as fazendas, mesmo à luz do dia e com os trabalhadores no local, à procura de sementes e defensivos agrícolas. Na fuga, os próprios caminhões dos agricultores são utilizados para transportar a carga roubada.

“O roubo em fazendas é bastante comum e está aumentando há anos, inclusive com relatos semanais em algumas regiões. Os ladrões querem sementes, implementos e máquinas. Às vezes até mesmo os pertences pessoais dos trabalhadores que moram na propriedade são levados”, relata o presidente do Sindicato Rural de Apucarana, Jorge Nishikawa.

A solução encontrada pelos fazendeiros é implantar medidas que afastem os ladrões ou, em caso de assalto, diminuam o prejuízo. “Tem agricultor tirando a placa do portão da fazenda para tentar dificultar a vida dos ladrões”, conta José Roberto Tosato, engenheiro agrônomo da Seab em Ponta Grossa.

O agricultor Hendrik Bar­­­kema teve a fazenda em Tibagi, nos Campos Gerais, assaltada em 2010. Desde o episódio, algumas medidas cautelares foram adotadas. “Tivemos que contratar segurança armada, o que trouxe gasto mensal de R$ 3 mil. Também deixamos de estocar produtos. Quando precisamos, vamos buscar na cooperativa. Na época de plantio, as viagens até a empresa são diárias”, conta Barkema, que também instalou câmeras e passou a deixar fechado o enorme portão de entrada da fazenda.

A ação dos ladrões resultou em um prejuízo de mais de R$ 150 mil, considerando defensivos agrícolas, um caminhão e pertences dos funcionários, calcula o administrador da fazenda Pedro Henrique Daniel. Na época do assalto à propriedade de Barkema mais dois casos foram registrados na região. “Nesta safra já soubemos de mais três roubos na vizinhança ”, afirma o administrador.

Carga recuperada

Apesar de ser unânime entre os agricultores que falta policiamento nas zonas rurais, há casos de sucesso na recuperação dos produtos roubados. Em setembro passado, o produtor Rudolfo Ernesto Bosmuller teve uma carga de sementes de milho levada da sua propriedade em Castro, distante 150 quilômetros de Curitiba. O caminho para reaver a mercadoria foi espalhar a notícia do roubo pela região.

“Dois dias depois do assalto ofereceram as sementes para um conhecido. Avisei a polícia, que prendeu dois ladrões e recuperou o produto”, conta Bosmuller. Para evitar novos transtornos, ele instalou sete câmeras ao redor do barracão utilizado para armazenar os produtos agrícolas e o maquinário utilizado na lavoura.

Produtos ficam na própria região

O maior número de assaltos a fazendas vem acompanhado da sofisticação dos ladrões. As ações criminosas que antes eram praticadas pelos chamados “ladrões de galinha” hoje são coordenadas por quadrilhas especializadas e, invariavelmente, bem armadas.

“O pessoal é organizado e sempre com muitas armas. Eles estudam a rotina da fazenda antes de agir”, diz o presidente do Sindicato Rural de Apucarana, Jorge Nishikawa.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Ponta Grossa José Roberto Tosato, os grupos já têm compradores para a mercadoria mesmo antes do assalto.

“É muito arriscado transitar pelas estradas e passar pelos postos de polícia com o caminhão cheio de mercadoria e máquinas. O resultado do roubo fica na própria região”, diz. “É fácil achar comprador quando se oferece o produto por 50% do valor real”, complementa.

Em alguns casos, existe a suspeita de que as informações sobre quais agricultores estão com o armazém cheio de defensivos e sementes saiam de dentro das empresas fornecedoras. Os ladrões presos após o roubo na fazenda de Rudolfo Ernesto Bosmuller eram ex-funcionários da fazenda e da cooperativa da região. “Peguei as sementes na sexta e o roubo foi domingo. Foi muito rápido”, lembra o produtor.

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