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Chicago, Illinois (EUA) - Se depender da China, e agora da Rússia, responsáveis por dias de euforia na Bolsa de Chicago (CBOT), a demanda por grãos deve continuar aquecida no mercado internacional. No caso da soja, nem mesmo a entrada da safra norte-americana, a partir do final de setembro, deve provocar reviravolta na cotação da oleaginosa, que mostra força para se manter acima dos US$ 10/bushel (27,2 quilos), avaliam os brokers (corretores) e analistas do setor.

Os contratos para novembro, quando boa parte da colheita na América do Norte estará finalizada, estão sendo negociados a US$ 10,35/b. O contrato de agos­­to, que sustenta o recorde do ano, chegou sexta-feira a US$ 10,59, o melhor preço desde 1.º de dezembro de 2009. Ontem, fechou com ligeira baixa, em US$ 10,48.

Para justificar a projeção de preço, sustentada também nos contratos futuros da CBOT, Alvaro Ancede, da corretora The Laifa Group, com sede em Illinois, nos Estados Unidos, usa os números do USDA, o Departamento de Agri­cul­tura dos EUA, para fazer as contas. Ele explica que a previsão dos chineses é importar 53 milhões de toneladas de soja em 2010. "Isso significa que eles precisam comprar 4,4 milhões de toneladas por mês, mais de 1 milhão por semana ou, na média, 200 mil toneladas por dia."

Como o volume é grande, a Chi­­na vai buscar o produto onde há oferta na mesma proporção, como é o caso dos EUA e do Brasil, destaca Alvaro. Na semana passa, em apenas duas compras, os chineses negociaram 350 mil toneladas com os norte-americanos.

Steve Cachia, analista de commodities da Cerealpar, atualmente na Europa, não acredita que neste ano a cotação da soja caia a menos de US$ 10. "A safra americana deve trazer de pressão sazonal so­­bre os preços, mas talvez as mínimas do ano já tenham sido feitas. Porém, dependendo da folga que o mercado de soja ganhar nos próximos dias e semanas, haverá gordura a queimar".

A variável do desempenho das lavouras nos Estados Unidos está praticamente vencida. Apesar do weather market (mercado climático), a soja dificilmente será prejudicada pelo clima a ponto de comprometer a previsão de produção recorde, na soja e no milho. Além disso, diz Cachia, a sustentação dos preços também vai depender do andamento do plantio e das previsões climáticas para a nova safra na América do Sul.

Os analistas ouvidos pela reportagem concordam com a previsão de que o Brasil vai plantar uma área maior com soja na temporada 2010/11, que começa a ser semeada em setembro. A Ce­­realpar trabalha com uma alta entre 2% e 4%. O milho tende a perder terreno. A opção maior pela oleaginosa, na avaliação da consultoria, não será tanto pela reação recente na cotação da soja, mas pela falta de opção.

Milho

Depois de cinco meses abaixo dos US$ 3,90/bushel (25,4 quilos), o milho se segura além dos US$ 4,00. Em seis meses, essa é a segunda vez que o cereal supera essa marca. As melhores cotações do ano ocorreram nas duas primeiras semanas de janeiro, acima de US$ 4,30 e US$ 4,40/bushel.

Tanto no milho como na soja, os ganhos em Chicago chegam timidamente ao mercado brasileiro, culpa do câmbio desfavorável e dos estoques internos altos. Na média Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), a soja valia ontem R$ 37,58/saca (60 quilos) e o milho, R$ 14,14. As maiores cotações foram de R$ 41 e R$ 16,5, respectivamente, em Ponta Grossa.

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