A decisão de reduzir o preço de referência do trigo vai contra uma política de incentivo à cultura lançada pelo governo federal em abril de 2008. O Plano Nacional do Trigo tinha a ambiciosa meta de reduzir a dependência brasileira do produto importado. O objetivo era elevar a produção nacional para que, até 2012, ela pudesse suprir 70% do consumo do país. Atualmente, o Brasil produz cerca de 5 milhões de toneladas do cereal e, para suprir uma demanda doméstica estimada em 10 milhões de toneladas, importa ao menos 5 milhões de toneladas do grão por ano.
O caminho rumo à autossuficiência incluía medidas de apoio à produção, como reajustes no preço mínimo do trigo e facilidades no acesso ao crédito. Mas agora, apenas dois anos após o seu lançamento, o plano começa a ser desconstruído. Os novos valores anunciados pelo ministro Wagner Rossi na semana passada estão muito próximos daqueles vigentes na safra 2007/08. Na época, o preço de garantia do cereal, que considerava apenas o pH do grão, era de R$ 28,80 a saca para a Região Sul (tipo 1).
Os preços mínimos fixados para a safra 2009/10 variam de R$ 19,20 (brando tipo 3) a R$ 29,97 (melhorador tipo 1) por saca de 60 quilos, conforme as características químicas (força de glúten, número de queda, entre outras) e físicas (pH) do grão. "Reduzir o preço mínimo foi a forma elegante que o governo encontrou para dizer que não vai apoiar o trigo. Porque com esses valores a conta não fecha", analisa o assessor da Faep, Pedro Loyola.
Para o trigo pão, mais produzido no Paraná, o valor foi fixado é R$ 28,62 (tipo 1), sendo que o custo operacional de produção da Conab na região de Cascavel (Oeste) é de R$ 33,27/saca. Com preços abaixo do custo, o risco é de desabastecimento, avalia o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski.
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