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A previsão de clima desfavorável ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos rendeu mais um dia de alta para o mercado de grãos na Bolsa de Chicago (CBOT) ontem. O primeiro contrato da soja encerrou os negócios do dia valendo US$ 10,36 por bushel (27,2 quilos), ou US$ 22,85 a saca de 60 quilos, a maior cotação de fechamento desde janeiro. Desde o início de julho, a olea­ginosa já subiu 9% na bolsa norte-americana. No ano, contudo, ainda registra ligeira queda de 0,4%, pelo fato de 2010 ter começado com índices elevados. O milho, que ontem fechou o pregão trocando de mãos a US$ 3,7525 o bushel (25,4 quilos), ou US$ 8,86 a saca, acumula alta de 6% no mês e queda de 9% no ano. Cotado a US$ 5,4825 o bushel (27,2 quilos), ou US$ 12,09 a saca, o trigo registra valorização de 18% em julho e de 1% no ano.

Nos três casos, o clima quente e seco previsto para as próximas seis semanas no Meio-Oeste dos EUA foi o principal combustível para a valorização. Alguns modelos meteorológicos indicam que os termômetros podem chegar a 38°C na próxima semana entre os estados do Nebraska e Illinois, região que concentra a maior parte da produção de soja e milho do país. O plantio de verão foi encerrado no mês passado e, segundo analistas norte-americanos, cerca de 20% das lavouras estariam suscetíveis a perdas climáticas.

Europa e Austrália

De acordo com o trader norte-americano Matt Pierce, analista da PitGuru.com, o movimento de alta também reflete as preocupações do mercado com o clima europeu e australiano, principalmente no caso do trigo. O tempo seco ameaça lavouras de Austrália e Rússia, dois grandes produtores do cereal. "O mercado está se precipitando um pouco e os ganhos são um tanto exagerados. Já há sinais de que o rali de alta pode estar perto do fim", opina. Para ele, muitos operadores entraram na ponta de venda nos minutos finais do pregão. "Não acredito que esse rali consiga se sustentar no curto prazo, mas a tendência de longo prazo ainda é altista", afirma Pierce.

A forte demanda chinesa e os estoques físicos apertados desenham um cenário positivo para a soja, concorda o economista Stefan Tomkim. Segundo ele, a valorização das cotações internacionais aqueceu as negociações no mercado interno nos últimos dias, "principalmente no Sul do país, onde a safra é mais atrasada e existe mais soja disponível." Até o fim de junho, 74% da safra brasileira da oleaginosa tinha sido comercializadas, segundo levantamento da consultoria AgRural. 17,5 milhões de toneladas estariam disponíveis para comercialização no segundo semestre do ano.

Os produtores brasileiros colheram 67,35 milhões de toneladas da oleaginosa na safra 2009/10, conforme a Expedição Safra RPC. Quase metade desse volume deve ser exportada.

Na estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o Brasil deve embarcar até o fim da temporada 29,5 milhões de toneladas, 5% mais que no ciclo anterior. De acordo com o secretário-geral da associação, Fábio Trigueirinho, o país, segundo exportador global de soja, atrás dos EUA, continua se beneficiando da demanda da China, o maior importador mundial.

"Os Estados Unidos tiveram uma safra muito boa (na temporada passada), mas foram vendendo muito e estão com estoques curtos, permitindo que o Brasil se beneficie disso nos meses de julho, agosto e setembro", diz Trigueirinho, prevendo embarques elevados nos próximos meses, antes do início da colheita da nova safra dos EUA.

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