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Para as cotações da soja na Bolsa de Chicago, o relatório de área plantada que o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) divulgou em 29 de junho não poderia ser melhor. Na contramão de todas as apostas, o órgão promoveu um corte profundo na área de soja do país, ao estimá-la em apenas 25,9 milhões de hectares – extensão 1,3 milhão de hectares menor que a já pequena área estimada em 30 de março, no relatório de intenção de plantio, e 15% inferior ao espaço cultivado na safra passada. Esse recuo, o maior da história, deixa os EUA com a menor área de soja desde 1995.

Ninguém segura o milho

O motivo, claro, foi um avanço ainda mais arrasador do milho. Estimada em 36,6 milhões de hectares em março, a área do cereal foi reavaliada para 37,6 milhões de hectares – 19% a mais que em 2006 e a maior desde 1944. E a perda de área da soja poderia ser ainda maior, não fosse o avanço do cereal sobre áreas antes dedicadas ao algodão, no Sudeste dos EUA.

Com uma área tão menor, a atual safra de soja nos EUA nem precisa de clima ruim para ficar em maus lençóis. Mesmo com produtividade padrão, a produção fica em apenas 71,5 milhões de toneladas. Mantida a força da demanda, os estoques finais caem 67%, para 5,5 milhões de toneladas, enquanto a relação estoque-consumo recua de 20,1% para alarmantes 6,6%.

Estoques físicos

Embora tenha ficado à sombra dos números de área plantada, no dia 29 também saiu o relatório trimestral de estoques físicos dos EUA. Para a soja, o USDA apontou que, em 1.° de junho, os armazéns do país guardavam 29,7 milhões de toneladas – recorde para o período. É preciso lembrar, porém, que é natural os estoques físicos estarem em nível tão alto, devido à enorme safra de 86,8 milhões de toneladas colhida no ciclo 2006/07.

Maior consumo da história

O que importa notar no relatório de estoques físicos é, na verdade, o ritmo do consumo. Apesar de o volume estocado ter vindo um pouco acima do que se esperava, a demanda pela soja dos EUA vai bem, já que esses estoques de 29,7 milhões de toneladas representam um consumo recorde de 69,3 milhões de toneladas entre 1.° de setembro do ano passado – início da temporada 2006/07 – e 31 de maio.

Isso significa que, para terminar a temporada com estoques finais de 16,6 milhões de toneladas, como prevê o USDA, os EUA terão de consumir, entre 1.° de junho e 31 de agosto, 13,1 milhões de toneladas de soja – 11% menos que os 14,7 milhões de toneladas do mesmo período da temporada 2005/06.

Fernando Muraro Jr., é engenheiro agrônomo a analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas, fmuraro@agrural.com.br, www.agrural.com.br

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