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O quadro mundial continua sendo de superoferta, mas a tendência para o mercado da soja é de recuperação a partir de 2007. Nem mesmo a safra recorde que está sendo colhida nos Estados Unidos – quase 87 milhões de toneladas – consegue derrubar a cotação do grão, que segue valorizado na Bolsa de Chicago, o ponto de partida na formação de preços da commodity.

No mercado disponível (produto seco, limpo e em grandes volumes), a saca de 60 quilos tem a melhor valorização do ano e atinge R$ 31 no Paraná. Já o preço da soja no balcão – valor recebido pelo produtor –, é até R$ 2 menor.

Os analistas alertam, no entanto, que o momento não sinaliza uma tendência para a safra 2006/07. Seria apenas uma reação extemporânea, provocada por uma série de fatores, entre os quais a redução no estoque de passagem no Brasil, que em 2005 era de 1 milhão de toneladas e agora não soma mais que 400 mil toneladas. Outra variável que ajuda a manter a soja em alta é o fato de os americanos estarem fazendo grandes investimentos em fundos de commodities, uma opção para diversificar e diluir os riscos das aplicações.

Mas a valorização neste momento também não deixa de ser um indicativo de variação positiva para a atual safra em relação à anterior, quando a saca flutuou entre R$ 24 e R$ 26, explica Flávio Roberto França Júnior, analista da Safras & Mercados. A projeção da consultoria, que considera um câmbio na faixa de R$ 2,20 a R$ 2,25, é de uma cotação entre R$ 27 e R$ 27,5 para abril do ano que vem. Isso significa que, na época da colheita, a cotação no mercado interno deve acompanhar a paridade exportação, hoje entre US$ 12 e US$ 12,5, contra uma média histórica em Chicago de US$ 11,5.

De acordo com França Júnior, uma realidade que cobre o orçamento e volta a dar rentabilidade ao agricultor. Ele acredita que, depois de dois anos de prejuízos, a soja inicia um novo ciclo: "Em 2007 o produtor consegue sobreviver e pagar suas contas, para voltar a ganhar dinheiro em 2008."

A análise considera uma planilha da Organização das Cooperativas (Ocepar) que aponta um custo variável de R$ 18,88 e operacional de R$ 25,27 por saca. O primeiro é basicamente o desembolso com insumos e operação de máquinas; o segundo inclui depreciação do maquinário e outros ativos. Flávio Turra, da gerência técnica-econômica da Ocepar, destaca que a relação de custo alto e preço baixo da safra anterior se inverte este ano. A sustentação de preço, no entanto, depende do desempenho das safra argentina e brasileira, que ainda estão sendo plantadas.

Pelo menos três variáveis sustentam a tese da Safras & Mercados de uma produção melhor: o agricultor planta e deve colher com um câmbio igual ou ligeiramente melhor; o custo caiu e o desembolso com insumos é menor; e a previsão de clima é favorável, com a chegada do El Niño. Turra acrescenta à lista os leilões realizados pelo governo federal este ano, que viabilizaram o escoamento de 9 milhões de toneladas.

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