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No primeiro semestre, Porto de Paranaguá exportou 7,76 milhões de toneladas de soja | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
No primeiro semestre, Porto de Paranaguá exportou 7,76 milhões de toneladas de soja| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A cotação do dólar nos últimos dias, acima de R$ 3,27, vem dando sustentação ao preço da soja e pode representar o segundo cavalo encilhado a passar na frente dos produtores neste ano. Como o provérbio diz que “cavalo encilhado não passa duas vezes”, esperar uma terceira melhora de preços pode acabar sendo muito arriscado ou, mantendo a linha da sabedoria popular, é como “trocar o certo pelo duvidoso”.

“Podemos estar diante do pico de valorização da commodity. Não é incomum os melhores preços de uma safra acontecerem no ano anterior, para posição no ano seguinte”, destaca Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consultoria, em Curitiba. Para ele, os produtores deveriam aproveitar o momento favorável e vender pelo menos um terço da safra de 2017/2018, garantindo assim o capital para pagar as dívidas de custeio que começam a vencer em maio do ano que vem. “Se deixar para vender na safra, a tendência é ter muita oferta de grãos, todo mundo querendo vender ao mesmo tempo, com alta do frete e mercado pressionado”, aconselha.

O dólar valorizado tem acelerado o ritmo da comercialização, mas a estimativa é de que os produtores brasileiros tenham vendido apenas 20% da soja do ciclo 2017/2018, quando o normal, para esta época do ano, seria travar o preço de pelo menos de 35% a 40%.

Na primeira semana de julho de 2017 a cotação da saca de soja de 60kg para julho de 2018 chegou a alcançar R$ 78 (Paranaguá), mas depois houve acomodação e os preços desceram para patamares mais próximos a R$ 70. “No momento, estamos diante do segundo cavalo encilhado que passa na frente dos produtores. Esse nível de R$ 77, para julho de 2018, está mais de R$ 10 acima do que estava no período de colheita, em março e abril”, sublinha Brandalizze.

Flutuação

Na análise do consultor, a soja em Chicago não tem muito espaço para flutuar abaixo de US$ 9,70 o bushel, em viés de baixa, nem acima de US$ 10,30, na alta. “Se o dólar voltar à cotação que teve no período da safra, de R$ 3,10 ou R$ 3,15, o preço retorna para R$ 70 reais em Paranaguá”, diz. Com a diminuição da turbulência política pós-votação da denúncia contra o presidente da República, não há indicativos – diz o analista – de que o dólar possa disparar. “O dólar sobe na crise ou por algum fator externo como a alta dos juros americanos”, aponta.

O consultor da agência Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez aponta três fatores que mantêm a soja “lateralizada” em Chicago, ou seja, sem movimentos significativos de valorização ou desvalorização. Se por um lado a demanda pela soja americana é alta no mercado internacional, o que poderia puxar para cima as cotações, por outro lado a boa colheita dos EUA e o clima favorável no início da safra no Brasil pesam “para baixo” no mercado. “A primeira quinzena de novembro deve ser positiva no Centro-Oeste brasileiro e isso está impedindo o mercado de subir. Se o panorama começa a melhorar, aumenta a pressão no mercado, estamos vivendo uma situação típica de mercado guiado pelo clima”, diz Gutierrez.

O consultor concorda que o momento pode ser interessante para fazer a venda antecipada da soja. “O que está ajudando hoje é o dólar. Mas nada garante que haverá preços melhores em janeiro e fevereiro. Não dá para cravar quebra de safra ou safra cheia. Seria importante avançar um pouco nas vendas, aproveitar o patamar do dólar mais alto, que há tempos não se via”, recomenda. Para os produtores tentados a apostar numa alta das cotações, Gutierrez lembra que no ano passado muitos jogaram as fichas numa quebra na safra americana, o que não aconteceu e acabou derrubando os preços. “O razoável é começar o plantio com um quarto da safra já vendida”, conclui.

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