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Lavoura de soja em McLean County, Illinois. Os EUA cultivam 11% mais soja (34 milhões de hectares) e têm clima favorável | Mike Mcginnis/agriculture.com
Lavoura de soja em McLean County, Illinois. Os EUA cultivam 11% mais soja (34 milhões de hectares) e têm clima favorável| Foto: Mike Mcginnis/agriculture.com
Enquanto soja ganha área, milho recupera produtividade e deve chegar a 10,4 toneladas por hectare

Dois anos após a quebra histórica que elevou as commodities agrícolas a cotações recordes, os Estados Unidos estão perto de recompor seus estoques de soja. Com as inéditas 103,4 milhões de toneladas anunciadas na última semana pelo Departamento de Agricultura (Usda), bastarão duas safras – e não três como os especialistas previam – para que o país reequilibre seu quadro interno de oferta e demanda. Esse fator mostra força para redirecionar o mercado, a dois meses do início do plantio de verão no Brasil.

Até o momento, as lavouras da oleaginosa esbanjam potencial produtivo recorde no Hemisfério Norte e tudo indica que, mesmo com problemas climáticos pontuais, a produção de 2014/15 irá romper pela primeira vez a marca de 100 milhões de toneladas de soja. Trata-se de um quadro inédito não somente para o país, mas para o agronegócio global.

A queda de 16% na cotação do produto em pouco mais de um mês em Chicago trava os negócios no Brasil. Apesar da proximidade do plantio, os produtores brasileiros podem “e devem repensar o ímpeto expansionista no cultivo”, avalia Flávio França Júnior, consultor de agronegócio.

Estados consolidados como Paraná e Mato Grosso não devem reduzir a área plantada com o grão, apontam representantes do setor. Mas é possível que o aumento previsto não se confirme, especialmente em regiões onde há condições climáticas para semeadura tardia, entre novembro e dezembro.

“Tudo vai depender da evo­­lução das cotações daqui pra frente. O aumento de 5% de área do último ano não deve se repetir. Mas diminuir não vai. A soja ainda é o produto mais interessante, e lucrativo, apesar da oferta maior”, avalia Marcelo Garrido, economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab).

Embora estejam em queda, os preços praticados atualmente no estado são remuneradores, lembra, diferentemente do que ocorre com o milho e o feijão. Os dois grãos que seriam uma alternativa do agricultor paranaense ameaçam dar prejuízo, com custos de produção acima dos preços de venda. Hoje, a saca de 60 quilos de soja vale entre R$ 50 e R$ 60 no Paraná e os custos calculados para o próximo ciclo estão em R$ 36 por saca, aponta o Deral.

“Diferente de Pa­­raná e Rio Gran­­de do Sul, que podem optar por outra cultura, Mato Grosso só tem soja para o verão. Se o preço vier abaixo de R$ 38 por saca, ou seja, R$ 10 a menos do que vem ocorrendo, teremos um cenário catastrófico, de inviabilidade. E o produtor pode não plantar a área toda. Mas é difícil isso ocorrer”, acrescenta Cid Sanches, gerente de planejamento da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja).

Na nova fronteira agrícola brasileira, ou MaToPiBa como é conhecida a zona de plantio do Centro-Norte, também pode haver revisão nos planos. Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia têm plantio mais intenso entre a segunda metade de novembro e a primeira de dezembro.

“A nossa estratégia está definida, mas vejo o pessoal revisando expansão de áreas, em zonas que não têm condições [de clima e solo] tão adequadas, principalmente no Maranhão e Piauí”, afirma Cassiano Prado, vice-presidente de operações da Agrex do Brasil. O grupo, que atua na produção e comercialização de grãos e insumos, pretende cultivar mais de 60 mil hectares no Brasil no ciclo 2014/15.

Enquanto soja ganha área, milho recupera produtividade e deve chegar a 10,4 toneladas por hectare

Clima: Lavouras terão índice de produtividade definido dentro de um mês

A confirmação da supersafra de soja nos Estados Unidos deve vir dentro de um mês, quando as lavouras terão índices de produtividade definidos pelo clima e pelo próprio avanço da safra. Por enquanto, não há ameaças climáticas ao campo e a tendência é que os rendimentos médios fiquem acima dos registrados no ano passado e da linha de tendência.

O Departamento de Agricultura norte-americano, Usda, espera que as plantações alcancem produtividade recorde nesta temporada, de mais de 50 sacas por hectare (3 mil quilos/ha). A maior parte da área da oleaginosa ainda está em fase inicial de desenvolvimento, mas em excelentes condições.

Perto de um terço das lavouras está mais adiantado, em fase de florescimento, conforme o Usda. E a previsão meteorológica aponta poucas chuvas na próxima semana. Os volumes devem ficar entre 12 e 16 milímetros até a próxima terça-feira (22) sobre o cinturão de produção norte-americano.

O quadro favorece também o milho, que teve área reduzida em 4,37% (a 33,9 milhões de hectares), mas tende a render volume parecido com o de 2014/13, somando 352 milhões de toneladas. São 10,4 toneladas ou 173 sacas por hectare, média só alcançada em regiões líderes em produtividade no Brasil.

14 milhões de toneladas de soja a mais devem ser colhidas nos EUA em relação a 2013/14. São 12 milhões (t) além do recorde de 2019/10.

91 milhões de toneladas de soja devem ser produzidas pelo Brasil em 30 milhões de hectares em 2014/15, conforme previsões oficiais.

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