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Em uma temporada que começou marcada pela fuga dos fundos de investimento das commodities e pela crise financeira rapidamente transmutada em desaceleração econômica no mundo inteiro, todas as atenções do mercado da soja estão voltadas para o consumo, o pilar que resta para a sustentação dos preços.

O problema é que justamente ele, o consumo, pode perder força ao longo de 2009 devido aos efeitos da crise sobre a demanda por matérias-primas. Embora não se espere uma queda propriamente dita no consumo de soja, o seu ritmo de crescimento, tão forte nos últimos anos devido especialmente ao apetite da China, tende a perder fôlego.

Mas há ainda um outro fator que pode pesar sobre o comércio da oleaginosa no mundo: as grandes safras que China e Índia estão terminando de colher nesta temporada 2008/09. Para a China, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima produção de 16,8 milhões de toneladas – volume 20% superior ao do ano passado e o segundo maior da história. A safra só não rendeu mais porque a província de Heilongjiang, uma espécie de Mato Grosso chinês, enfrentou seca em agosto.

Por conta da boa safra, a expectativa é de que a China importe menos soja, passando do impressionante recorde de 37,8 milhões de toneladas de 2007/08 (48% do total mundial) para 36 milhões de toneladas. Sinais de que o fôlego chinês já não é o mesmo existem: embora o país esteja comprando mais dos EUA em relação à temporada passada, as importações totais estão em queda.

Em outubro, segundo o governo da China, a compra de soja estrangeira caiu 25% em relação ao mesmo mês de 2007. Dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex) confirmam a tendência: em outubro, o Brasil exportou para a China apenas 234 mil toneladas, contra 769 mil um ano antes.

Índia e óleo

A Índia não importa soja, mas é grande consumidora e importadora de óleo. Por isso, a safra recorde que está colhendo neste ano – são 10,3 milhões de toneladas, 1 milhão a mais que a anterior, segundo a consultoria Oil World – pode limitar as importações de óleo de soja, o que afetaria não tanto os EUA, cuja demanda doméstica por óleo é bem maior que as vendas externas, mas principalmente Argentina e Brasil, os dois maiores exportadores mundiais.

De acordo com a Oil World, tanto a importação de óleo de soja como a de óleo de palma pela Índia devem ficar estáveis em relação à temporada passada, em 700 mil e 4,9 milhões de toneladas, respectivamente. Para o USDA, o consumo mundial de óleo de soja em 2008/09 será de 37,8 milhões de toneladas (avanço anual de 1%). Para a soja em grão, a demanda mundial é estimada em 234 milhões de toneladas (2% a mais). Mas as exportações, que têm mais influência sobre as cotações na Bolsa de Chicago, são projetadas em 77,9 milhões de toneladas, um recuo de 2%.

Informações:

www.AgRural.com.br

fmuraro@agrural.com.br

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