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A expansão da ovinocultura e da caprinocultura de qualidade no Paraná enfrenta alguns entraves. As atividades precisam derrubar barreiras econômicas, deficiências e falhas na fiscalização sanitária e até suplantar tabus gastronômicos.

Não há números oficiais atualizados, mas sabe-se que a maior parte da carne ovina consumida no estado vem de fora: ou do Rio Grande do Sul ou de outros países, principalmente o Uruguai. Em 2001, metade da carne de ovelha utilizada no Brasil vinha de países como Uruguai, Argentina e Nova Zelândia.

No Rio Grande do Sul e no Uruguai, predominam raças produtoras de lã, cuja carne é de pior qualidade. Além disso, muitos dos animais abatidos são velhos, de descarte, o que não dá uniformidade aos cortes. Isso faz com que o produto "importado" chegue ao Paraná custando até 50% do preço local.

Outro entrave é o abate clandestino dos animais, ainda uma realidade no estado. Há poucos frigoríficos com inspeção sanitária autorizados a abater ovinos e caprinos. Mesmo os programas já com inspeção utilizam instalações de abate para suínos.

Um diagnóstico elaborado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná apontou um "alto grau" de abate clandestino como um dos pontos críticos do setor.

Os criadores também precisam vencer a barreira financeira imposta pelos pontos-de-venda da carne e restaurantes – preocupados apenas com os preços. "O comércio não valoriza o produto de qualidade", constata Tarcisio Bartmeyer, coordenador do programa Cordeiro Castrolanda.

Ele diz que a cooperativa dificilmente consegue a remuneração pelos diferenciais que oferece: carne de animais precoces, acompanhamento veterinário e nutricional, rastreabilidade completa.

José Henrique Carlan, diretor estadual da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) concorda com essa constatação. "Os donos de restaurantes costumam delegar a função de comprar a carne a pessoas sem conhecimento no assunto, que só se interessam pelo preço."

Outro desafio da cadeia produtiva é reeducar hábitos alimentares, o que implica em popularizar e baratear o preço das carnes de ovinos e caprinos. Nesse ponto, a tarefa é mais difícil em relação ao cabrito, ainda considerada uma carne exótica.

Já a carne ovina precisa vencer um tabu. Muitas pessoas a consideram de gosto forte e, às vezes, desagradável. "Quem acha isso é porque comeu carne mal temperada e mal preparada, ou de animais velhos", afirma Cezar Pasqualin, técnico da Emater.

No Paraná, quatro festas regionais já popularizam o consumo de ovinos: Carneiro no Buraco (Campo Mourão, no Centro-Oeste); Carneiro ao Vinho (Peabiru, na mesma região), além das festas do Carneiro, em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba) e Irati (Centro-Sul). Agora, faltam as festas para difundir a carne de caprinos.

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