• Carregando...

Rosário - Em áreas de agricultura de precisão, os efeitos da seca são ainda menos expressivos na Argentina. A família Raimondi, que investe no sistema desde 2007, espera colher 3,8 mil quilos de soja por hectare. Toda a área de cultivo, que soma 1,5 mil hectares em Lopez, 450 quilômetros a noroeste de Buenos Aires, foi destinada à oleaginosa. A produtividade deve ser praticamente a mesma da registrada no ano passado, afirma Henry Raimondi, que comanda o cultivo com apoio de seu pai, Delfin, e de dois filhos, Matias e Ezequiel.

A estabilidade que a tecnologia e a qualidade do solo conferem à produção rebatem em boa medida os efeitos do clima, explica o agrônomo Gerardo Melica, que assiste a família na adoção da agricultura de precisão. Ele relata que, em quatro anos, o aumento e a regularidade na produção compensam os investimentos em equipamentos que permitem a aplicação de insumos conforme a necessidade de cada quadro da lavoura. Ele sustenta que a colheita da soja, a ser iniciada nos próximos dias, vai comprovar sua avaliação.

Dono de uma das primeiras áreas semeadas na Argentina, 130 dias atrás, Cláudio Scaglia, de Loma Alta, província de Santa Fé, comemora os bons resultados iniciais. Ele conta que, na época do plantio, havia umidade suficiente para a germinação, mas que logo que os 100 hectares de plantação brotaram começou a faltar chuva. Não fosse a qualidade do solo – que praticamente dispensa o uso de adubo em ano de clima regular –, o sol teria dizimado a lavoura. As chuvas só se normalizaram no início de janeiro. De lá para cá, os sinais dos dois meses secos foram aos poucos dando lugar ao verde.

Os relatos dos produtores refletem em boa medida as avaliações do Ministério da Agricultura da Argentina. Haverá grande variação nos índices de produtividade de uma região para a outra, mas a soja deve render perto de 50 milhões e o milho 20 milhões de toneladas, afirma Sandra Occhiuzzi, coordenadora de Risco Agropecuário. Essas previsões foram elevadas em 10 milhões de hectares desde janeiro. Para Carlos Della Valle, da equipe de Estimativas Agrícolas, se o clima colaborar, os números ainda devem melhorar sensivelmente.

Para a Associação de Coope­rativas Argentinas (ACA), 48 milhões de toneladas de soja e perto de 20 milhões de toneladas de milho estão asseguradas. "O medo era de que a seca atingisse a soja, mas o problema maior foi para o milho", analisa o chefe da Divisão de Produtos Agrícolas, Claudio Bogo Morales. Perto de 10% da produção de grãos argentina é comercializada ou embarcada pela ACA, que tem dois terminais na região portuária.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]